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Indignação com morte maciça de peixes gera protestos no Vietnã

Pedro Alves
Pedro Alves
Publicado em 05/06/2016 às 16:33
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Dezenas de ativistas foram detidos nas duas maiores cidades do Vietnã, enquanto protestavam para pedir mais transparência do governo sobre um caso recente de morte em massa de peixes / Foto: AFP

Dezenas de ativistas foram detidos nas duas maiores cidades do Vietnã, enquanto protestavam para pedir mais transparência do governo sobre um caso recente de morte em massa de peixes Foto: AFP

Dezenas de ativistas foram detidos nas duas maiores cidades do Vietnã este domingo, enquanto protestavam para pedir mais transparência do governo sobre um caso recente de morte em massa de peixes.

Toneladas de peixes e outras espécies marinhas chegaram às orlas centrais vietnamitas há dois meses, e continuaram aparecendo por cerca de três semanas, o que provocou uma revolta generalizada.

A frustração ainda foi alimentada pela falta de clareza dos líderes comunistas sobre a causa da morte dos peixes.

As principais ruas no centro de Hanói e da cidade de Ho Chi Minh foram temporariamente esvaziadas no domingo de manhã quando as forças de segurança cobriram a área.

Ativistas usaram as redes sociais para denunciar detenções em ambas as cidades antes e durante os protestos.

A AFP presenciou um incidente em Hanói, onde policiais à paisana abordaram e arrastaram um ativista.

Outras 30 pessoas foram detidas após iniciarem um breve protesto em frente à catedral de Hanói.

Ativistas publicaram na internet fotos que mostram os manifestantes segurando cartazes com slogans como "peixes mortos, pessoas mortas" e "Formosa não".

O conglomerado taiwanês Formosa, que opera uma usina siderúrgica na área onde os peixes morreram, é suspeito de ser o responsável pelas mortes.

A mídia estatal inicialmente culpou a empresa pela tragédia, mas recuou à medida que a raiva contra os interesses chineses étnicos no Vietnã foi crescendo no país.

As autoridades, desde então, responderam com repressão contra os manifestantes, colocando muitos ativistas em prisão domiciliar e cortando a Internet.

O Facebook tem estado intermitentemente fora do ar desde sábado à noite.

"O governo do Vietnã deveria estar liderando a investigação sobre o que causou estas mortes de peixes, não reprimindo os esforços das pessoas para exigir respostas e prestação de contas", disse Phil Robertson, da ONG Human Rights Watch.

Na quinta-feira, um funcionário do governo foi citado pela mídia estatal dizendo que os investigadores já tinham concluído o que estava matando os peixes, mas que eles só divulgariam os resultados após "consultas independentes com especialistas nacionais e estrangeiros".

A pesca e o turismo na região central do Vietnã têm sido duramente atingidos pelas mortes de espécies marinhas.

Os governantes comunistas do Vietnã são pouco tolerantes com a dissidência, mas a raiva sobre a corrupção e a degradação ambiental com frequência desencadeiam protestos significativos no país.

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