Trabalho

Maioria dos americanos não nota diferença salarial entre gêneros

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 11/02/2016 às 22:04
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Nos EUA, 78% deles e 60% delas achavam que o  trabalho pagava homens e mulheres igualmente / Foto: Reprodução

Nos EUA, 78% deles e 60% delas achavam que o trabalho pagava homens e mulheres igualmente Foto: Reprodução

Serão necessários 118 anos para acabar com a disparidade salarial entre gêneros no ambiente de trabalho, previu o Fórum Econômico Mundial no ano passado. Contudo, apesar de sua existência documentada, a maioria dos trabalhadores americanos não nota a diferença salarial entre homens e mulheres, segundo uma nova pesquisa.

Um relatório divulgado nesta quinta (11) pelo site de salários e empregos Glassdoor apontou que 89% dos trabalhadores achavam que homens e mulheres deveriam receber salários iguais por trabalhos iguais e 60% disseram que não se candidatariam a um emprego em uma determinada empresa se considerassem que a remuneração era injusta do ponto de vista de gênero. O site consultou 8.254 funcionários de período integral e meio período nos EUA, no Canadá, no Reino Unido, na França, na Alemanha, nos Países Baixos e na Suíça.

Entretanto, apesar de sua forte defesa à igualdade no ambiente de trabalho, a maioria dos consultados pareceu não estar convencida de que a desigualdade salarial se aplicasse ao seu lugar de trabalho: nos EUA, 78% dos homens e 60% das mulheres achavam que seu ambiente de trabalho pagava homens e mulheres igualmente, apontou a Glassdoor.

"O desafio de mudar a desigualdade salarial entre gêneros é que as pessoas não imaginam que já sofreram isso na própria pele", disse Susan Duffy, diretora executiva do Centro para Liderança Empreendedora da Mulher na Babson College. Nos EUA, a mulher ganha em média US$ 0,79 para cada dólar recebido por um homem.

O estudo mostra que os funcionários de diferentes faixas etárias pensam de forma diferente em relação à desigualdade salarial entre gêneros. Oitenta e um por cento dos trabalhadores dos EUA de 18 a 24 anos não aceitariam trabalhar em uma empresa com um notório preconceito de gênero, o mesmo que os jovens da geração Y na maior parte dos outros países consultados.

Mas os trabalhadores de mais de 24 anos são muito menos idealistas. Nos EUA, a porcentagem de pessoas moralmente contrárias a trabalhar em uma empresa com desigualdade salarial entre gêneros cai para 68%, segundo o relatório.

Aqueles com 45 anos ou mais são os mais complacentes: apenas 13% rejeitariam um emprego em um lugar com diferença salarial entre gêneros.

"Quando você tem uma hipoteca e uma família, emprego é emprego", disse Duffy. "Por isso, a mudança do status quo de fato recai sobre as próprias empresas".

PROGRESSO - Algumas empresas estão fazendo progressos públicos rumo à igualdade. No ano passado, o CEO da Intel, Brian Krzanich, prometeu destinar US$ 300 milhões para a paridade de gênero e racial em seu ambiente de trabalho. Neste mês, a empresa de tecnologia da computação afirmou que eliminou a diferença salarial entre gêneros em sua folha de pagamento.

"Não atacando a diferença salarial as empresas estão inconscientemente tolerando um preconceito que poderia ser prejudicial para seu resultado final e para as pessoas que trabalham para elas", disse Duffy.

Como preparação para esse cenário, os estudantes de MBA da Babson são obrigados a fazer um curso de visão de gênero. As aulas ministradas por Duffy têm o objetivo de tornar ambos os sexos mais versados sobre o tema do gênero e fazer com que entendam que a diferença salarial entre gêneros é estimulada tanto pelos homens quanto pelas mulheres.

"O preconceito inconsciente é um problema humano, não um problema de gênero", disse Duffy. "Isso se torna mais claro entre homens e mulheres que permanecem mais tempo no mercado de trabalho".

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