Damasco

Cerca de 2 mil pessoas retiradas de campo de refugiados palestinos de Yarmuk

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 05/04/2015 às 12:47
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Campo de refugiados palestinos, onde viviam até a semana passada cerca de 18 mil habitantes, está localizado a 7 km do centro da capital síria / Foto: AFP

Campo de refugiados palestinos, onde viviam até a semana passada cerca de 18 mil habitantes, está localizado a 7 km do centro da capital síria Foto: AFP

Quase 400 famílias, cerca de 2 mil pessoas, foram retiradas do campo de refugiados palestinos de Yarmuk, no sul de Damasco, frente ao avanço do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), informou neste domingo (5) um funcionário da OLP em Damasco.

"Diante do avanço do EI, 400 famílias, cerca de 2.000 pessoas, conseguiram deixar entre sexta-feira e sábado o campo por duas rotas seguras para o bairro de Zahira, controlado pelo exército sírio, onde abrigos foram instalados", declarou Anwar Abdel Hadi à AFP.

"As evacuações continuam neste domingo e alguns habitantes se encontram em Yalda (localidade perto de Yarmuk) à espera de serem levados a um alojamento", declarou.

Além disso, segundo Hadi, 25 feridos foram levados para o Hospital Nacional de Damasco e para o Hospital de Jaffa, em Mazze.

O campo de refugiados palestinos, onde viviam até a semana passada cerca de 18.000 habitantes, está localizado a 7 km do centro da capital síria. Cercado há mais de um ano pelo exército sírio, seus habitantes sofrem com uma grave escassez de água, alimentos e medicamentos.

O porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (Unrwa), Christopher Guiness, indicou em um comunicado que "94 civis, incluindo 43 mulheres e 20 crianças, conseguiram fugir do campo neste domingo de manhã após uma noite de intensos combates".

Ele lançou um apelo "a todas as partes para que permitam que outras pessoas sejam evacuadas".

O EI lançou na quarta-feira uma ofensiva contra o acampamento, a partir do distrito adjacente de Hajar Aswad, com a ajuda dos jihadistas da Frente al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Pelo menos 26 pessoas morreram na violência desde quarta-feira, de acordo com o OSDH, acrescentando que este número incluía civis, jihadistas do EI e combatentes palestinos.

O exército sírio não "decidiu ainda se entrará no campo, mas tem reforçado suas tropas nos arredores", segundo uma fonte da segurança.

De acordo com o OSDH, aviões sírios lançaram 13 barris de explosivos no acampamento na madrugada de sábado para domingo e a luta continua.

O EI controla o centro, o sul e o oeste, enquanto as forças palestinas do Aknaf Beit al-Maqdess, próximas do movimento islâmico Hamas, estão presentes no norte e leste, de acordo com o chefe da OLP.

Em Ramallah, o presidente palestino Mahmud Abbas lamentou o fato de "os palestinos estarem pagando por guerras e agressões que não são deles". Ele também pediu "uma solução para proteger os habitantes de Yarmuk, que não fizeram nada para merecer isso".

Uma centena de manifestantes se reuniram em Ramallah em solidariedade com o povo de Yarmuk. Entre eles Mustafa Barghouti, membro da liderança palestina, que declarou à AFP que "a lição mais importante é que nós só podemos confiar em nós mesmos: não podemos contar com ninguém, com qualquer Estado ou governo".

Além disso, no nordeste da Síria o EI bombardeou neste domingo uma igreja assíria, na província de Hassaka, de acordo com a Rede Assíria de Direitos Humanos (AHDR).

"O EI bombardeou às 09h00 (03h00 de Brasília) a Igreja da Virgem Maria de Tall Nasri, após combatentes curdos e assírios tentarem entrar na cidade", informou a rede.

O EI tomou em fevereiro 14 aldeias assírias na região, incluindo Tall Nasri.

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