O ministro da Cultura da Rússia demitiu o diretor de um teatro na Sibéria após reclamações de cristãos ortodoxos de que uma ópera em cartaz ofendia a imagem de Jesus Cristo.
Vladimir Medinsky anunciou a demissão de Boris Mezdrich ontem, após milhares de pessoas protestarem em frente ao teatro de Novosibirsk, onde a adaptação da ópera de Wagner “Tannhäuser” estava em exibição.
A obra foi considerada ofensiva principalmente por seu cartaz, que exibe um crucifixo entre as pernas abertas de uma mulher nua.
Uma das óperas mais famosas do compositor e maestro romântico Richard Wagner (1813-1883), “Tannhauser” trata do envolvimento de um homem com os prazeres carnais e sua sofrida busca por perdão, que ele tem negado pelo Papa, mas recebe de Deus. Na adaptação do diretor Timofei Kulyabin, chamada "A Gruta de Vênus", é Jesus quem passa por cenas de luxúria antes de se dedicar à salvação da Humanidade.
A lição de perdão divino não inspirou os religiosos russos, principalmente a Igreja Ortodoxa e seus seguidores, que marcharam com bandeiras como “o cristianismo ortodoxo é a fundação da grande cultura russa”.
Para um porta-voz da igreja, a polêmica se deve ao desejo da elite liberal russa de preservar seu “monopólio sobre os fundos públicos ganho em 1990, quando foi decidido que qualquer inovação é sempre boa”.