Clarín

Jornal revela possível existencia de contas que ligariam Argentina, Venezuela e Irã

Lorena Barros
Lorena Barros
Publicado em 29/03/2015 às 18:12
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Contas bancárias em três diferentes instituições internacionais supostamente ligam os governos de Argentina, Venezuela e Irã, informou a edição do jornal "Clarín" deste domingo (29).

Essa relação reforçaria a tese do promotor morto Alberto Nisman de que o Irã teria negociado favores com o governo argentino, como a tentativa de retirar alertas vermelhos da Interpol sobre suspeitos de participar de um atentado em Buenos Aires, em 1994. Outra hipótese é que o Irã pagaria em segredo à Argentina para ter acesso a tecnologia nuclear.

A reportagem afirma que a ex-embaixadora da Argentina na Venezuela e ex-ministra da Defesa e Segurança, Nilda Garré, manejava duas contas bancárias no Irã que chegaram a ter depositados US$ 48 milhões.

Tudo teria começado, segundo o "Clarín", em 2004, com a criação de uma conta para suposto intercâmbio de pagamentos de petróleo e produtos industriais entre Venezuela e Argentina. Ela teria sido aberta no banco suíço UBS e fechada, a pedido do banco, em 2010.

Uma segunda conta para as transações entre os dois países funcionaria no banco americano Felton Bank (hoje CNB), aberta em 2005. Entre 2005 e 2010, segundo o "Clarín", essa conta teria movimentado US$ 61 milhões.

Garré, segundo o jornal, seria uma das titulares das contas. Ela nega.

Em abril de 2010, o embaixador argentino na Venezuela, Eduardo Sadous, afastado do cargo, denunciou que haviam desaparecido US$ 90 milhões dessa conta. Ele também afirmou haver uma diplomacia paralela entre os dois países, feita fora dos canais oficiais.

Com o fechamento da conta no UBS e as denúncias do diplomata, a suposta transferência de dinheiro ganharia outro caminho, dessa vez partindo de uma instituição iraniana. Em fevereiro de 2011, de acordo com o "Clarín", duas contas teriam sido abertas no banco Tejarat. Elas teriam recebido depósito inicial de US$ 48 milhões e também seriam administradas por Garré.

A diplomata, hoje representante da Argentina na OEA (Organização dos Estados Americanos), negou que tenha administrado essas contas ou que tenha participado de operações secretas com o Irã.

A ligação dessa atividade financeira com a denúncia de Nisman ocorre, segundo o "Clarín", a partir de uma revelação de descontentamento do suposto contato iraniano Jorge Youssef Khalil com a saída de Garré do cargo.

Em grampo que integra a denúncia de Nisman, revelado pelo "Clarín", Khalil teria expressado insatisfação com a saída de Garré do ministério, em 2013, quando ela foi designada para a OEA.

O governo argentino não se pronunciou sobre o caso.

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