Nações Unidas

Diálogo de paz começa nesta segunda no Iêmen

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 08/02/2015 às 16:51
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O enviado especial das Nações Unidas no Iêmen, Jamal Benomar, anunciou neste domingo que as diferentes facções no país retomarão as negociações nesta segunda-feira (9).

Também participará da reunião a milícia xiita Ansaruallah que, há dois dias, dissolveu o Parlamento e assumiu o poder.

"O líder do Ansaruallah, Abdelmalek Al Huthi, e todas as partes do conflito no Iêmen concordaram em retomar o diálogo a partir de segunda-feira", disse Benomar à imprensa, na capital, Sanaa.

Também conhecidos como hutis, em referência a seu líder, os combatentes xiitas criaram um conselho presidencial e uma comissão de segurança na última sexta-feira, 6 de fevereiro. Segundo a milícia, o objetivo é preencher o vácuo de poder e evitar a ameaça do grupo extremista sunita Al-Qaeda, que tem uma importante presença no leste e no sul do Iêmen.

"Insisto na necessidade de que todos os líderes políticos assumam suas responsabilidades e obtenham um consenso para superar essa situação de paralisia política no Iêmen", afirmou Benomar, defendendo uma "solução pacífica" para a crise.

A milícia xiita assumiu o controle de Sanaa em setembro de 2014 e, depois disso, apoderou-se do palácio presidencial e de importantes prédios públicos no mês passado. A ofensiva levou à renúncia do presidente iemenita, Abd Rabo Mansur Hadi, e do primeiro-ministro Khaled Bahah.

Neste domingo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que Benomar trabalha "muito duro" no Iêmen para conseguir uma solução para a atual crise, assim como o retorno de uma "transição política pacífica".

"A situação está se deteriorando muito, muito seriamente, depois que os hutis tomaram o poder e deixaram esse vácuo no governo", advertiu Ban, instando a volta de Hadi ao cargo. O ex-presidente Mansur Hadi conta com o apoio dos países ocidentais.

Ban Ki-moon deu essas declarações em Riad, depois de se reunir com o novo soberano saudita, o rei Salman. Nesse contexto de instabilidade, as monarquias do Golfo, os Estados Unidos e a ONU denunciaram a ação dos xiitas.

O Iêmen se encontra mergulhado na crise política desde que uma revolta popular, no âmbito da chamada "Primavera Árabe", levou à queda do então presidente Ali Abdallah Saleh em 2012.

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