Auschwitz

Merkel diz ser vergonhoso que prossigam ataques a judeus na Alemanha

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 26/01/2015 às 18:17
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Merkel discursou durante comemoração dos 70 anos da libertação de prisioneiros de Auschwitz. / Foto: Tobias Schwarz / AFP

Merkel discursou durante comemoração dos 70 anos da libertação de prisioneiros de Auschwitz. Foto: Tobias Schwarz / AFP

A chanceler alemã, Angela Merkel, qualificou nesta segunda-feira como algio "vergonhoso" que os judeus continuem sendo vítimas de "ataques" ou "ameaças" na Alemanha, na véspera da comemoração dos 70 anos da libertação dos prisioneiros do campo de concentração nazista de Auschwitz.

"É vergonhoso que as pessoas na Alemanha sejam alvo de ameaças ou de ataques porque dizem que são judeus ou porque tomam partido por Israel", disse Merkel em uma cerimônia organizada em Berlim pelo Comitê Internacional de Auschwitz, uma organização de sobreviventes.

A chanceler afirmou, ainda, que não quer que haja discursos racistas contra os judeus ou contra as pessoas que encontraram na Alemanha um novo lar, fugindo da guerra ou de perseguições, coincidindo com os 70 anos da libertação do campo de extermínio nazista Auschwitz-Birkenau pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945.

Espera-se que a comemoração prevista em Auschwitz, no sul da Polônia, seja acompanhada por 300 sobreviventes, que conseguiram escapar da morte em um local onde 1,1 milhão de pessoas foram exterminadas, dos quais, estima-se, um milhão eram judeus.

Vários chefes de Estado, entre eles o presidente francês, François Hollande, o alemão Joachim Gauck e o ucraniano, Petro Porochenko, também assistirão à cerimônia.

"É preciso enfrentar o antissemitismo e qualquer outra forma de racismo", reiterou Merkel, lembrando que hoje vivem na Alemanha cem mil judeus.

Para Merkel, o Holocausto representa uma "ruptura da civilização", após o que voltou a lembrar "a responsabilidade eterna" da Alemanha, em homenagem aos sobreviventes de Auschwitz, da qual participaram dois ex-prisioneiros: o polonês Marian Turski e a húngara Eva Pusztai-Fahidi.

"Cada um pode viver em segurança e livremente entre nós, independentemente de sua religião e de sua origem", disse Merkel, em uma cerimônia intercalada por discursos e passagens musicais.

"Os dois grandes males do nosso tempo, o terrorismo islamita e o antissemitismo" se expressaram nos atentados de Paris, nos quais morreram 17 pessoas, inclusive quatro judeus em uma tomada de reféns em um supermercado, lembrou Merkel.

Para o presidente do Conselho Central de Judeus da Alemanha, Josef Schuster, os ataques do jihadismo se tornaram um risco adicional para as comunidades judaicas.

"Ninguém deve fechar os olhos para isto", afirmou.

A Alemanha prevê organizar uma cerimônia no Congresso, chefiada pelo presidente alemão, que também assistirá às celebrações pela libertação de Auschwitz, na Polônia.

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