Ameaças

Governo argentino lamenta fuga de jornalista que noticiou morte de promotor

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 26/01/2015 às 14:29
Leitura:

Pachter informou em primeira mão sobre a morte de Nisman através de sua conta pessoal no Twitter.

Pachter informou em primeira mão sobre a morte de Nisman através de sua conta pessoal no Twitter.Foto: Twitter

O governo argentino garantiu nesta segunda-feira (26) plena segurança aos membros da imprensa local e lamentou que o jornalista Damián Pachter, que disse temer por sua vida depois de revelar a morte do promotor Alberto Nisman, não tenha procurado as autoridades antes de abandonar o país.

"Na Argentina há plena segurança para todos os jornalistas no âmbito da liberdade de expressão", afirmou nesta segunda-feira o chefe de Gabinete, Jorge Capitanich.

Ele insistiu que "não existe nenhum tipo de impedimento para que qualquer jornalista possa expressar tudo o que pensa".

Pachter, jornalista da publicação em inglês The Buenos Aires Herald e que informou em primeira mão sobre a morte de Nisman através de sua conta pessoal no Twitter, declarou ter deixado o país no última sábado (24) depois de receber ameaças e que se refugiou em Israel.

Em uma coluna para o jornal israelense Haaretz, do qual é colaborador e foi reproduzida nesta segunda-feira no jornal La Nación sob o título "Por que fugi da Argentina", Pachter relatou detalhes das perseguições suspeitas que havia sofrido nos últimos dias.

Capitanich também lamentou que o jornalista não tenha fornecido às autoridades a foto que disse ter tirado de um homem que o seguiu de forma suspeita para verificar sua identidade.

Pachter criticou a agência de notícias argentina Télam e a conta do Twitter da Casa Rosada (governo argentino) por terem publicado os dados da passagem ao Uruguai que comprou pela companhia estatal Aerolíneas Argentinas, onde aparecia a data de retorno.

Finalmente, o jornalista argentino-israelense seguiu viagem a Israel.

"Se afirmam que um jornalista se sente ameaçado, que seu paradeiro é desconhecido, que não há notificação na empresa onde trabalha, então era muito importante publicar a informação para que existisse conhecimento público de seu paradeiro", justificou Capitanich, ao negar que a divulgação da passagem aérea tenha sido uma violação de sua privacidade.

Nisman foi encontrado morto na noite de domingo com um tiro na têmpora que não deixou restos de pólvora na mão, horas antes de comparecer ao Congresso para explicar uma denúncia contra Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman, por encobrir ex-funcionários iranianos indiciados por ter idealizado ou realizado o atentado contra a a associação judaica AMIA em Buenos Aires, em 1994.

O atentado, que deixou 85 mortos e 300 feridos, ocorreu dois anos depois de outro, na embaixada de Israel (que matou 29 pessoas) e é considerado o maior ataque terrorista na história da Argentina.

Pachter disse em sua nota que "a Argentina se converteu em um local obscuro governado por um sistema político corrupto".

Mais lidas