Condenado

Indonésia nega pedido de Dilma e mantém execução de brasileiro

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 16/01/2015 às 12:18
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Dilma falou pelo telefone com o presidente da Indonésia, mas ele não voltou atrás na decisão de condenar à morte traficante brasileiro / Foto: Reprodução

Dilma falou pelo telefone com o presidente da Indonésia, mas ele não voltou atrás na decisão de condenar à morte traficante brasileiro Foto: Reprodução

Após mais de uma semana de espera, a presidente Dilma Rousseff conseguiu conversar por telefone nesta sexta-feira (16) com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, em uma tentativa de interceder pela condenação à pena de morte do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53. Apesar dos esforços do governo brasileiro para pedir a clemência e cancelar a execução, Widodo não cedeu e manteve a condenação.

Dilma conseguiu falar com Widodo por volta das 8h da manhã desta sexta. Além de Moreira, Dilma pediu clemência também para Rodrigo Muxfeldt Gularte. Os dois foram condenados à morte por tráfico de drogas. A execução de Moreira, que foi condenado em 2004, está marcada para acontecer à 0h de domingo (18) , no horário oficial de Jacarta, capital da Indonésia, o que corresponde às 15h de sábado (17) no horário oficial de Brasília.

De acordo com nota divulgada pelo Planalto, a presidente ressaltou, durante a ligação, "ter consciência da gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros". A presidente disse ainda "respeitar a soberania da Indonésia e do seu sistema judiciário, mas como Chefe de Estado e como mãe, fazia esse apelo por razões eminentemente humanitárias".

Execução de Marco Archer Cardoso Moreira, 53, está marcada para domingo

Execução de Marco Archer Cardoso Moreira, 53, está marcada para domingoFoto: Reprodução

Durante a conversa, Dilma ressaltou que o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de morte e que seu enfático apelo pessoal "expressava o sentimento da sociedade brasileira".

Segundo a nota, o presidente Widodo afirmou que compreendia a preocupação de Dilma mas ressaltou que, no caso de Moreira, ele não poderia alterar a sentença porque todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme a lei indonésia e aos brasileiros foi garantido o devido processo legal. Segundo a legislação indonésia, apenas a clemência pode alterar a condenação.

De acordo com o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, a presidente discordou de Widodo. "Não houve sensibilidade, por parte do governo da Indonésia, para o pedido de clemência do governo brasileiro. [...] Vamos esperar que um milagre possa reverter essa situação", disse.

De acordo com Garcia, a execução criará uma sombra e uma repercussão negativa na relação entre o Brasil e a Indonésia. "Desde que a Indonésia decidiu executar Marco Archer Moreira, o governo brasileiro tomou uma série de medidas para levar às mais altas autoridades uma tentativa de resolução desse fato gravíssimo", disse.

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