Justiça

Justiça argentina condena médicos por sequestro de bebês durante ditadura

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 22/12/2014 às 21:29
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Dois médicos foram condenados por terem trabalhado em uma maternidade clandestina dentro de um centro de detenção do Exército durante a última ditadura militar na Argentina, entre 1976 e 1983. A obstetra Yolanda Arroche de Sala Carcía foi sentenciada a sete anos de prisão -a Justiça comprovou sua participação com uma assinatura dela em um certificado de nascimento falso, usado para dar identidade falsificada a um filho de uma militante presa.

O médico e militar Norberto Bianco recebeu uma pena de 13 anos. Ele gerenciava a maternidade que funcionava no centro de detenção de Campo de Maio. Um outro médico foi absolvido no caso. Três não foram a julgamento -um faleceu e outros dois estão muito velhos para um processo, explicou o advogado Alan Iud, que representa as Avós da Praça de Maio.

Outros dois militares foram condenados no mesmo julgamento -o ex-general Santiago Omar Riveros e o último presidente do regime, Reynaldo Bignone, que já estava condenado à prisão perpétua. Na ação, foram considerados oito casos de expropriação ilegal de bebês, mas, segundo a associação das avós, passaram pelo centro clandestino cerca de 30 mulheres grávidas.

Para o advogado que representou a associação, os médicos civis que atuaram na maternidade clandestina "tiveram oportunidade de sair sem correr risco de vida, apenas perdendo o trabalho", mas optaram por continuar no trabalho. "Ficou claro no julgamento que a obstetra atuava com plena liberdade", afirma.
O Campo de Maio é uma das maiores bases do exército argentino, sua área se divide em mais de um município.

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