Renúncia

Líder da esquerda mexicana deixa partido por crise sobre estudantes desaparecidos

Amanda Duarte
Amanda Duarte
Publicado em 26/11/2014 às 9:40
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Cárdenas não tinha atualmente um cargo ativo dentro do Partido da Revolução Democrática, mas era considerado um líder moral  / Foto: AFP

Cárdenas não tinha atualmente um cargo ativo dentro do Partido da Revolução Democrática, mas era considerado um líder moral Foto: AFP

O líder histórico e fundador do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD) de México, Cuauhtémoc Cárdenas, anunciou sua renúncia ao partido depois de semanas de divergências com a nova direção e em meio a crise pelo desaparecimento de 43 estudantes.

"De maneira irrevogável, apresento ao Conselho Nacional minha renúncia como membro do Partido da Revolução Democrática", anunciou Cárdenas em uma carta enviada ao partido, o maior da esquerda mexicana.

No poder no governo do violento estado de Guerrero (sul) e do município de Iguala, cenário do brutal ataque de policiais e narcotraficantes aos estudantes, o PRD tem sido amplamente questionado e passa por sua crise mais grave nos últimos anos.

O partido admitiu que foi um erro ter apresentado como candidato o agora detido ex-prefeito de Iguala, José Luis Abarca, acusado de ordenar o ataque aos estudantes e que já era objeto de investigações por homicídio e vínculos com o narcotráfico.

Em meio a crise, Cárdenas se reuniu na terça-feira com o novo presidente do PRD, Carlos Navarrete, para discutir suas inquietações com o rumo do partido.

Cárdenas, considerado o líder moral do partido, afirmou que durante o encontro constatou as divergências sobre "as medidas que devem ser adotadas para recupera a credibilidade da organização" e decidiu renunciar a sua militância.

"Ante a disjuntiva de correr o risco de compartilhar responsabilidades de decisões tomadas por miopia, oportunismo ou autocomplacência sem autocrítica (...) preferi correr o risco de receber críticas", destacou Cárdenas, filho do ex-presidente mexicano Lázaro Cárdenas (1934-1940).

Cárdenas não tinha atualmente um cargo ativo dentro do PRD, mas era considerado o líder moral do partido.

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