Reflexos

Rússia perde bilhões por sanções econômicas e queda do preço do petróleo

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 24/11/2014 às 13:00
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Nesso domingo (23), o presidente russo, Vladimir Putin, tentou minimizar o impacto da queda dos preços do petróleo sobre a economia russa. / Foto: Mikhail Metzel / AFP

Nesso domingo (23), o presidente russo, Vladimir Putin, tentou minimizar o impacto da queda dos preços do petróleo sobre a economia russa. Foto: Mikhail Metzel / AFP

A economia russa tem sofrido com as sanções ocidentais, que vão lhe custar mais de 40 bilhões de dólares por ano, e pela queda dos preços do petróleo, mas deve escapar do desastre, acredita o Kremlin.

"Vamos perder cerca de 40 bilhões de dólares por ano devido às sanções geopolíticas", afirmou o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, citado pela agência de notícias TASS.

A Rússia tem sofrido há meses com uma série de sanções ocidentais que levaram sua economia à beira da recessão, provocando uma queda na sua moeda, o rublo, que perdeu quase um terço de seu valor em relação ao euro.

Estas sanções, decididas pelos ocidentais em represália às ações de Moscou na crise ucraniana, também causaram uma significativa fuga de capitais do país, segundo Siluanov, que estimou esta saída em 104 bilhões de euros.

"As fugas de capital ocorrem sobretudo pela conversão de poupança, em primeiro lugar por parte da população, em um período em que o rublo é volátil", disse, enquanto uma queda de 10% do rublo no início de novembro provocou preocupação entre os russos, que também estão enfrentando uma inflação de mais de 8%.

PREÇO DO PETRÓLEO BAIXO - No entanto, o ministro considerou que as consequências das sanções não são os principais perigos que ameaçam a economia russa.

"É claro que é importante. Mas não é tão crítico, mesmo para o orçamento, quanto (a queda) do preço do petróleo", afirmou.

Segundo ele, "a Rússia perderá entre 72 e 80 bilhões de euros por ano por causa do declínio de 30% no preço do petróleo".

A Rússia, cujo orçamento depende em 50% do petróleo, estabeleceu o orçamento de 2015 com base em uma previsão de 96 dólares por barril. Desta forma, a Duma, câmara baixa do Parlamento, votou um deficit orçamentário de 0,6% para os anos 2015-2017.

De acordo com os economistas do Banco Alfa russo, uma queda de 10 dólares por barril de petróleo custaria 10 bilhões de dólares para o orçamento federal russo e 0,4% do Produto Interno Bruto.

A cotação do barril ficou abaixo dos 80 dólares em meados de novembro em Londres, pela primeira vez em quatro anos, causando uma onda de choque nos mercados financeiros russos.

Para limitar o impacto da queda, Moscou anunciou na sexta-feira uma possível queda na produção de petróleo, a poucos dias da reunião em 27 de novembro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), da qual a Rússia não é um membro.

'NÃO É FATAL' PARA A ECONOMIA - Nesso domingo (23), o presidente russo, Vladimir Putin, tentou minimizar o impacto da queda dos preços do petróleo sobre a economia russa.

"Não é um fato que as sanções, a queda acentuada dos preços do petróleo e a depreciação da moeda nacional vão nos levar a resultados negativos ou a consequências catastróficas. Nada disso, não vai acontecer", insistiu.

"Incomoda? Parcialmente, mas não é fatal", declarou Putin, considerando que os "esforços deliberados para reduzir os preços também afetam aqueles que introduzem estas restrições".

O presidente falou de um acordo entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita para baixar os preços do petróleo.

"Talvez os sauditas queiram 'matar' seus rivais", lançou. "Muitos dizem que (...) isso tem sido feito de propósito, com o objetivo de afundar a economia russa."

Mas de acordo com o presidente, embora as sanções e os baixos preços do petróleo levem a uma desvalorização do rublo, isso não afeta tanto a Rússia, cujas "receitas aumentaram e não diminuíram".

O crescimento da Rússia deve, no entanto, se limitar a 0,3% em 2014 e a zero em 2015, segundo o Banco Central, enquanto já desacelerou para 0,7% em ritmo anual no terceiro trimestre, contra 0,8 % no segundo, de acordo com o Instituto Federal de Estatísticas Rosstat.

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