Ottawa

Atirador do Canadá era viciado em crack

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 24/10/2014 às 14:57
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Imagens de câmeras de segurança mostram o atirador sendo perseguido por uma guarda. / Foto: Peter McCabe / AFP

Imagens de câmeras de segurança mostram o atirador sendo perseguido por uma guarda. Foto: Peter McCabe / AFP

Michael Zehaf-Bibeau, o atirador que matou um soldado e invadiu o Parlamento em Ottawa nessa quarta-feira (22) e que depois foi abatido pelos seguranças, sofria de problemas psicológicos e tentou ser preso para que tratassem de sua dependência de crack, segundo a imprensa local.

De acordo com uma matéria publicada pelo jornal Vancouver Sun com base em documentos judiciais, ele teria se envolvido em vários delitos menores com a intenção de ir para a prisão, "a única maneira de superar a sua dependência de crack", um derivado da cocaína.

Em 2011, Zehaf-Bibeau invadiu um restaurante de uma rede fast food e ameaçou com um pedaço de madeira um funcionário, que achou que fosse uma brincadeira de mau gosto e chamou a polícia. Zehaf-Bibeau saiu do restaurante, sentou-se sobre sua mochila e esperou a chegada da polícia.

Durante uma avaliação psiquiátrica, o jovem indicou ser um muçulmano devoto há sete anos e que queria "ser um homem melhor quando fosse finalmente libertado".

Mas o tribunal estipulou uma libertação sob fiança. A medida foi criticada por Zehaf-Bibeau. "Eu não sei se vocês conhecem minha ficha" criminal, declarou ele, assumindo a culpa de um assalto a mão armada, segundo o jornal.

"Eu sou um viciado em crack e, ao mesmo tempo, sou um fiel. Eu quero sacrificar a minha liberdade e as coisas boas da vida durante um ano e também buscar tratamento de desintoxicação", pediu ao juiz.

No final do mesmo ano, o jovem se entregou em uma delegacia de polícia afirmando ter cometido um assalto dez anos antes em Quebec. A polícia não encontrou uma denúncia referente a esse roubo.

Zehaf-Bibeau, de 32 anos, também estava tentando conseguir um passaporte para ir à Síria, segundo informou na quinta-feira a Polícia Real do Canadá.

Nascido em Montreal, Zehaf-Bibeau estava morando em Vancouver há alguns anos. A Polícia Real o investigava para decidir se poderia receber o documento ou não.

A imprensa canadense repercutia nesta sexta-feira detalhes a respeito do atentado contra o Parlamento canadense.

Outro jornal também relatou que o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, foi colocado dentro de um armário durante o ataque de quarta ao prédio, onde o chefe de Governo estava em reunião.

Harper passou cerca de 15 minutos dentro do armário antes que os arredores da sala onde se encontrava fossem devidamente protegidos para permitir sua retirada, informou o jornal Globe and Mail.

O premiê estava reunido com 150 parlamentares de seu partido conservador em um salão que dá para o corredor principal do prédio, quando Michael Zehaf-Bibeau entrou armado depois de assassinar um soldado do lado de fora. Ele foi abatido pouco depois.

"Muitos deputados acharam que o primeiro-ministro tinha conseguido deixar a sala e não sabiam que ele estava, de fato, dentro de um armário", acrescentou um parlamentar ao jornal.

Os deputados também se prepararam para usar mastros de bandeiras como lanças para se defender de qualquer agressor que pudesse invadir a sala, acrescentou a fonte.

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