Ottawa

Tiroteio no Canadá deixa atirador e soldado mortos em torno do Parlamento

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 22/10/2014 às 21:09
Leitura:

Atiradores de elite foram vistos nos telhados próximos / Foto: AFP

Atiradores de elite foram vistos nos telhados próximos Foto: AFP

A polícia canadense matou nesta quarta-feira (22) um atirador no Parlamento em Ottawa, enquanto um soldado ferido nas proximidades do prédio não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital, no último de uma série de ataques que elevaram o alerta de terrorismo.

Uma extensa área ao redor do Parlamento de Ottawa foi isolada pela polícia depois que ao menos um homem armado com uma escopeta, segundo testemunhas, disparou contra um soldado que fazia a guarda externa do edifício em frente a um monumento.

O soldado foi levado em estado grave para um hospital, onde faleceu - revelou o ministro canadense do Trabalho, Jason Kenney.

Rapidamente, dezenas de agentes de segurança se dirigiram para os locais, onde disparos haviam sido relatados: no monumento, no Parlamento e nos arredores de um centro comercial.

De acordo com várias testemunhas, atiradores dispararam primeiramente contra o soldado e, em seguida, dirigiram-se com um veículo oficial às portas do Parlamento, um espaço reservado a veículos autorizados e da polícia.

Em um comunicado, a polícia disse que a investigação continua, mas não confirmou as informações sobre mais de um atirador envolvido no ataque.

"Uma das vítimas do tiroteio morreu devido aos ferimentos. Era membro das forças canadenses. Nossos pensamentos e orações estão com seus entes queridos", completou a nota.

A polícia também confirmou a morte de "um suspeito masculino" e fez um apelo às testemunhas para que relatem o que viram.

Os atacantes teriam invadido o prédio principal do Parlamento, que abriga deputados e senadores.

Um pouco mais tarde, houve uma grande detonação, seguida de um tiro disparado pela polícia, de acordo com as imagens feitas por um jornalista do "Globe and Mail" que estava no local.

"Um homem entrou correndo no Parlamento. Ele foi perseguido por policiais armados com fuzis que gritavam para que todos se protegessem", relatou Marc-André Viau, um funcionário do Parlamento que acredita ter ouvido "cerca de 20 disparos de arma automática".

O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, que se encontrava no Parlamento no momento do tiroteio foi retirado em segurança do local - revelou seu porta-voz, Jason McDonald.

Os líderes da oposição, Thomas Mulcair do NPD (esquerda) e Justin Trudeau, do Partido Liberal, também foram levados para locais seguros.

Harper condena ataque desprezível

Stephen Harper condenou o "ataque desprezível" e ressaltou a importância de se manter o governo e o Parlamento em funcionamento em suas conversas com os líderes parlamentares.

"Embora tenha afirmado que os fatos ainda estavam sendo averiguados, o primeiro-ministro condenou esse ataque desprezível", destacou um comunicado do gabinete.

O presidente americano, Barack Obama, conversou por telefone com Harper sobre o tiroteio no Parlamento, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

O presidente francês, François Hollande, revelou que se mantém informado sobre o desenrolar dos acontecimentos na capital canadense e expressou "a total solidariedade da França ao Canadá" - segundo o comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu.

Durante o tiroteio, os habitantes do centro de Ottawa foram instruídos a ficar longe das janelas, pois, de acordo com a Gendarmerie Real (Polícia Federal) do Canadá, um dos agressores estaria "provavelmente" no telhado do Parlamento.

Atiradores de elite foram vistos nos telhados próximos, especialmente no Museu de Belas Artes.

As bases militares foram fechadas, e os soldados foram obrigados a permanecer reclusos sem uniforme, segundo a imprensa.

As autoridades já haviam aumentado na terça-feira o nível de alerta terrorista de baixo para médio, pela primeira vez desde 2010.

Além disso, as forças aéreas do país e dos Estados Unidos foram colocadas em estado de alerta para "serem capazes de responder rapidamente" a qualquer incidente que possa ocorrer no espaço aéreo - declarou um funcionário americano que pediu para não ser identificado.

Esse incidente acontece dois dias depois de um homem ser morto após atropelar dois soldados canadenses em um supermercado 40 km ao sudeste de Montreal, segundo a polícia, que informou que o agressor tinha contatos com grupos extremistas.

O rapaz lançou seu carro contra os militares no estacionamento de um supermercado na cidade de Saint-Jean sur Richilieu, em Québec. Ele fugiu em seguida. Alguns quilômetros adiante, o agressor perdeu o controle do veículo e caiu em uma vala. O incidente aconteceu antes do meio-dia (horário local).

Uma testemunha contou que o motorista levava uma faca e ameaçou os policiais antes de sair do carro. Os agentes atiraram várias vezes no suspeito, que morreu.

O indivíduo, de 25 anos, tinha antecedentes e, segundo um boletim de Inteligência, estava em contato com grupos radicais.

Em um comunicado, a polícia relatou que o suspeito foi alvo de investigação das "autoridades federais, incluindo nossa equipe de Investigações de Segurança Nacional Integrada em Montreal".

Mais lidas