Investigação

México: policiais são investigados por desaparecimento de 57 estudantes

Elvis Lima
Elvis Lima
Publicado em 30/09/2014 às 7:11
Leitura:

A Procuradoria do estado mexicano de Guerrero (sul) investiga vários policiais pelo desaparecimento de 57 estudantes no último fim de semana em Iguala de la Independencia, uma localidade de 140 mil habitantes. "Há elementos para responsabilizar indivíduos da Polícia Municipal pelo delito de desaparecimento", declarou o procurador-geral de Guerrero, Iñaky Blanco.

Segundo Blanco, foram aplicados todos os protocolos na busca dos 57 estudantes desaparecidos desde sexta-feira à noite, quando policiais municipais perseguiram e atiraram no grupo. Além dos 57 desaparecidos, os episódios ocorridos entre a noite de sexta e a madrugada de sábado deixaram seis mortos e 25 feridos até agora.

Quatro pessoas foram mortas a tiros por homens não identificados, que dispararam contra carros e contra um ônibus que levavam uma equipe de futebol da Terceira Divisão. Dois jogadores morreram. Segundo as autoridades, outras duas pessoas morreram depois que a Polícia Municipal de Iguala atirou contra ônibus cheios de estudantes envolvidos em protestos.

Na sexta-feira, os alunos da Universidade Rural para Normalistas de Ayotzinaga protestavam contra a discriminação que garantem sofrer por parte do governo de Guerrero na distribuição de vagas em favor de escolas urbanas.

De acordo com testemunhas, homens armados vestidos de preto e encapuzados também participaram das agressões em Iguala. Eles estavam em caminhonetes de cor escura e seriam membros do crime organizado.

O procurador informou que 22 policiais estão detidos e que o chefe de Polícia de Iguala e outros 162 agentes se apresentaram para prestar depoimento.

Segundo ele, com base em depoimentos e em imagens de câmeras de segurança da vizinhança, é possível apontar que pelo menos uma patrulha levava civis no banco traseiro. Outras testemunhas também relataram que na madrugada de sábado havia estudantes encarcerados na Polícia Municipal.

Esta segunda-feira foi de calmaria em Iguala, com escolas abertas e o comércio funcionando normalmente, enquanto veículos militares patrulhavam a cidade.

Hoje, em Chilpancingo, capital do estado, estudantes invadiram a Câmara de Deputados e quebraram as janelas para exigir notícias sobre o paradeiro de seus colegas desaparecidos.

O prefeito de Iguala, José Luis Abarca, disse a uma rádio local que não soube dos episódios violentos de sexta à noite, porque estava em uma festa com sua mulher.

Iguala fica no nordeste de Guerrero, um dos estados mais pobres do México, que está entre as cinco regiões com o maior índice de homicídios e sequestros das 32 do país.

Mais lidas