Conservador

Turquia autoriza uso do véu no ensino secundário

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 23/09/2014 às 23:23
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O governo conservador turco autorizou o uso do véu islâmico no ensino secundário, como já acontecia nas universidades e nas administrações públicas, apesar das críticas da oposição laica.

"Cada um deve poder viver como quiser", declarou o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu ao anunciar a medida.

A oposição laica se posicionou fortemente contra a medida quando o assunto foi discutido no parlamento, argumentando que ela viola o princípio constitucional de laicidade. Os sindicatos de professores também se posicionaram desfavoravelmente ao uso do véu, afirmando que se trata de "um regresso à Idade Média".

"A sociedade é conduzida à Idade Média através da exploração da religião", declarou Kamuran Karaca, presidente do sindicato Egitim-Sen.

Um dirigente do Partido Republicano do Povo (CHP), principal força opositora, classificou a mudança de "ideológica e não pedagógica", acrescentando que apresentará um recurso à Corte Constitucional para que anule a autorização de uso do véu no ensino secundário.

Desde a sua chegada ao poder em 2002, o AKP anunciou que iria permitir o uso do véu em todos os âmbitos sociais.

O véu está autorizado na função pública e no parlamento desde 2013.

Segundo uma pesquisa de opinião, cerca de dois terços das mulheres turcas usam o véu.

A Turquia, país de maioria muçulmana, é um Estado oficialmente laico.

O tema do véu é muito simbólico no país muçulmano com fortes discrepâncias entre os laicos e os partidários Islã na política, e que invocam a liberdade de culto.

A liberalização do uso do véu em todos lugares, principalmente nos locais públicos, é uma reivindicação emblemática dos defensores do Islã desde o começo dos anos 1970.

Acusado de querer "islamizar" a Turquia, o partido governamental desencadeou uma onda de protestos após a adoção de medidas que tributam o álcool e restringem sua venda e consumo, proibidos pelo islã.

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