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Medo da violência paralisa transporte público em Moçambique

NE10
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Publicado em 15/11/2012 às 18:34
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A entrada em vigor da nova tabela de preços do transporte coletivo na região metropolitana da capital moçambicana interrompeu a circulação dos chapas – vans ou caminhonetes abertas usadas para transportar pessoas. Os chapeiros, como são chamados os donos dos veículos, têm medo de ser feridos ou de ter os carros danificados em manifestações por causa do reajuste de tarifas, como ocorreu no último aumento, em setembro de 2010.

O preço das tarifas subiu, em média, 40%, passando de 5 para 7 meticais (o equivalente a cerca de R$ 0,50). A cidade de Maputo, com mais de 3 milhões de habitantes, conta com cerca de 300 ônibus em circulação, apenas. Por isso, a maior parte da população tem nos chapas o único meio de transporte.
 
Segundo o governo, desta vez não houve grandes transtornos por causa do reajuste. Na periferia da cidade, no entanto, motoristas que tentaram transportar passageiros foram apedrejados. Alguns manifestantes que queimaram pneus para interromper as vias foram presos, mas a Polícia da República de Moçambique não informa quantos foram os detidos.
 
Muitas lojas e escritórios chegaram a dispensar os funcionários e fechar as portas, também com medo de protestos violentos. Durante todo o dia, as ruas ficaram quase sem carros e foram tomadas por pessoas que tiveram de fazer a pé o trajeto de casa para o trabalho e do trabalho para casa. "Caminhei mais de uma hora na poeira para chegar ao serviço", disse a empregada doméstica Anabela Domingos.
 
Testemunhas disseram que três pessoas que gravavam em vídeo a ação dos policiais também foram presas. A polícia chegou a parar a equipe da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que percorria a cidade de automóvel para acompanhar os acontecimentos. Policiais armados com fuzis ameaçaram confiscar câmeras e microfones, mas acabaram permitindo que o carro seguisse viagem.

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