Com o direito de falar por mais duas horas em resposta à réplica pedida pela promotora Eliane Gaia, reforçar a tese inicial foi a estratégia usada pelos advogados do trio acusado de canibalismo - Rômulo Lyra, de Bruna Cristina, 28 anos; Paulo Sales, de Isabel Cristina, 53; e Tereza Joacy, de Jorge Beltrão, 51. Esta é a última fase do júri, realizado no Fórum de Olinda, desde essa quinta-feira (12), quando os réus confessaram ter matado, esquartejado, comido a carne e ocultado o cadáver da moradora de rua Jéssica Camila da Silva Pereira, 17, em 2008. O crime só foi descoberto quatro anos depois.
Mesmo tendo 40 minutos para falar, o advogado de Bruna, Rômulo Lyra, usou apenas cinco minutos para reforçar as estratégias de defesa já apresentadas, uma delas de coação moral irrecusável, e responder as acusações da promotora Eliane Gaia na réplica. "Bruna teve acesso ao processo. Na verdade, dei uma cópia do processo para ela saber quem era Jorge. Não era aquele homem bom que falava que a amava de verdade", alegou. O defensor ainda frisou que "a confissão espontânea é considerada um serviço à justiça", como forma de tentar diminuir a pena que a acusada pode pegar, se considerada culpada.
O advogado Paulo Sales, representante de Isabel, retomou o discurso da sua primeira fala: fez uma análise do perfil de Jorge, ressaltando que ele seria violento em supostas crises no Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) de Garanhuns.
A promotora Eliana Gaia buscou derrubar os argumentos da defesaFoto: Luiz Pessoa/ NE10
Embora não use a tese de insanidade mental, adotada pela defensora pública de Jorge, Tereza Joacy, também contestou o laudo elaborado pelo Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), insinuando que a agressividade seria decorrente de uma possível doença mental. "Como atestar uma coisa que eu acredito que não existe?", questionou, lembrando que o médico Lamartine Hollanda, primeira testemunha ouvida no júri e médico responsável pelo diagnóstico que atesta que os três são imputáveis. Bruna concorcou com o advogado em um aceno com a cabeça, no momento em que tomava café com os demais réus.
Isabel e a outra acusada passaram a olhar atentamente para o advogado, que seguiu a argumentação falando sobre a dependência emocional que a sua cliente teria em relação a Jorge, sendo submissa. Mas depois todos ficaram de cabeça baixa e Isabel mostrou nervosismo e chorou. Paulo Sales afirmou que a acusada pediu para ser presa no lugar do ex-marido.
Nesta sexta, os réus trocaram afetoFoto: Luiz Pessoa/ NE10
"O poder que Jorge exerce sobre as duas acusadas é de um poder e de uma veemencia tão grande senhores, que cartas eram enviadas dizendo: assuma, leia isso, faça isso", ressaltou o advogado, para sustentar a sua tese de que Isabel foi coagida. "Ela já vem cumprindo pena há 30 anos, desde que está com Jorge", disse o advogado, que falou por cerca de 35 minutos.
Por último, questionando se haveria vilipêndio, na tentativa de atenuar a pena da sua cliente - se for condenada - Paulo Sales, entrou em embate com a promotora. "Não sabe, está precisando estudar", disse Eliane Gaia, em meio à discussão.
A defensora pública de Jorge, Tereza Joacy, foi a última a tentar argumentar em favor do acusado no júri e, como os outros fizeram, retomou a sua tese inicial: de que o réu seria esquizofrênico e, por isso, não poderia ser condenado, tornando-se inimputável ou semi-imputável e podendo ser absolvido para receber uma medida de segurança para se tratar. Com essa argumentação, voltou a questionar o laudo de Lamartine, como o fez o advogado que a antecedeu na tréplica: "É abrir agora as portas da Tamarineira porque com esse psiquiatra não tem jeito". Tereza Joacy defende um tratamento para Jorge, alegando que ele precisa disso para poder voltar a viver em sociedade. Bruna voltou a se pronunciar, dizendo ser "muito normal" e foi repreendida pela defesa, já que poderia ser retirada da sala por isso. Depois, mostrou papel a Jorge.
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