#InsegurançaNoMetrô

Passageiros pedem mais policiamento e câmeras no Metrô do Recife

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 01/09/2015 às 16:09
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Largo da Paz é tida como uma das estações mais perigosas / Foto: Guga Matos/JC Imagem

Largo da Paz é tida como uma das estações mais perigosas Foto: Guga Matos/JC Imagem

"Minha filha perguntou por que fico olhando para os lados." O novo hábito da vendedora Valéria Santana, 25 anos, traduz o medo que os passageiros do Metrô do Recife estão sentido após assaltos e até mortes no modal. Há quem leve um celular "do ladrão", quem prefira andar em grupos, quem tenha deixado o fone de ouvido de lado. Cada um já tem o seu jeito de tentar se defender diante de tanta violência, mas é unanimidade dizer que faltam policiamento e monitoramento no transporte.

Valéria aguardava um trem na Estação Largo da Paz, na Zona Oeste do Recife, nessa segunda-feira (31), quando dois suspeitos de assaltos foram mortos dentro de um vagão da Linha Sul por um policial que reagiu à investida. Em oito meses, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), foram 101 roubos e furtos, número que supera todo o ano passado, quando foram registradas 90 ocorrências. "Não tem como acabar com toda essa violência generalizada, mas policiais nas estações e nos vagões poderiam pelo menos diminuir isso", opinou a vendedora na mesma estação, na manhã desta terça (1º).

O JC Trânsito esteve em todas as estações desde o Centro até Prazeres, na cidade vizinha de Jaboatão dos Guararapes, e conversou com diversos passageiros. Veja alguns depoimentos:

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Em Joana Bezerra, encontramos Janete e Julio César, que levam celular reserva por medo de roubo - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Alexandre da Silva conta que sentou ao lado de dois ladrões na estação Tancredo Neves - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Para Antônio da Paz, vigilantes devem ser mais qualificados. "Às vezes tem, mas não são treinados e não evitam crimes" - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Para Ana Ramos, a pior estação é Joana Bezerra. "Ali podem colocar policiamento e não tem jeito" - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Valéria Santana estava na Estação Largo da Paz quando dois jovens foram mortos. Para ela, policiais devem trabalhar nas estações - Amanda Miranda/JC Trânsito
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"Estou apavorada. Antes tinha policiamento, mas agora nem isso", reclama Terezinha Lira - Amanda Miranda/JC Trânsito
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"A violência aumentou em todos os lugares, não só no metrô", conta Elvis Santos, que foi assaltado em um ônibus há duas semanas - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Edilma Pereira afirma que policiamento poderia ajudar a diminuir assaltos - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Para Ailton Silva, poder público só apresenta soluções quando o problema ganha repercussão - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Estações são cheias a qualquer momento. Superlotação favorece furtos - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Estações são cheias a qualquer momento. Superlotação favorece furtos - Amanda Miranda/JC Trânsito
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Violência não é único problema nas estações. Pichações e lixo também revelam descaso dos responsáveis e dos usuários - Amanda Miranda/JC Trânsito

Em nota, a CBTU afirmou que "está negociando o aporte de recursos orçamentários, junto aos órgãos competentes, para viabilizar a contratação de novos seguranças patrimoniais e o aumento do efetivo de empregados para segurança no interior das composições dos trens." A Companhia lembrou também que está tentando fazer um convênio com a Secretaria de Defesa Social (SDS) para levar a Polícia Militar para o metrô, como tem ocorrido em dias de jogos. O problema é que não há prazos para nenhuma dessas iniciativas. Veja no vídeo:

A resposta da CBTU e da SDS sobre os casos no metrô ainda são alvo de críticas dos passageiros. "Assaltos aconteciam há muito tempo e a CBTU não falava. Foi preciso ter morte", alfineta a professora Pamela Viana, 30. O soldador Ailton da Silva, 42, vai além: "O Barro/Macaxeira continua uma bagunça três meses depois do acidente da menina, mesmo que naquele momento eles tenham dito que iriam resolver tudo. Aqui é igual."

Atualmente, cerca de 400 vigilantes atuam na segurança, 105 deles concursados e os outros terceirizados da empresa BBC. A CBTU não informou quanto é investido no pagamento desse quadro nem quanto solicitou de recursos para aumentar. O JC Trânsito questionou ainda quando aconteceu a última contratação de vigilantes, mas não obteve respostas.

Além do efetivo maior, que já é previsto, os passageiros pedem câmeras nos vagões. "Não me sinto nem um pouco segura, até o fone de ouvido já parei de usar no metrô. Faltam câmeras em todos os vagões, por exemplo. Isso não iria impedir, mas eles (os assaltantes) pensariam duas vezes antes de agir", defende a estudante Letícia Reis, 19, usuária do metrô diariamente. "Se a ida é com medo de assaltos, a volta é com o metrô lotado", lamenta. Hoje há câmeras nos sete novos trens comprados para a Copa do Mundo e usados atualmente na Linha Centro - que tem, no total, 16 veículos. A Linha Sul tem nove, nenhum deles monitorados. Não há previsão de expansão da frota.

E você, o que sugere para tentar resolver o problema? Envie sua resposta pelo Twitter usando a hashtag #InsegurançaNoMetrô:

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