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Apesar das condições precárias, duplicação da Ponte do Janga está longe de virar realidade

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 14/08/2015 às 9:54
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Moradores reclamam da estrutura da ponte. Há locais em que o parapeito caiu / Foto: Alexandre da Silva via comuniQ

Moradores reclamam da estrutura da ponte. Há locais em que o parapeito caiu Foto: Alexandre da Silva via comuniQ

Uma hora para percorrer cinco quilômetros. Essa é a realidade diária do jornalista Luiz Fabiano Pinheiro, 34 anos, que tem que sair de Pau Amarelo, em Paulista, no Grande Recife, para o município vizinho, Olinda. O caminho é pela Ponte do Janga, um dos maiores pesadelos para quem vive na área norte da Região Metropolitana. Esburacada e sem a prometida duplicação, segue formando congestionamentos até fora dos horários de pico. Até há um projeto, orçado em R$ 16 milhões, mas sem previsão para sair do papel. Sem falar no medo dos motoristas devido às condições da via.

"Não é só às 7h. Tem trânsito ao meio-dia, às 10h, às 22h. Um absurdo", reclama Luiz Fabiano. "A estrutura é muito precária. Não entendo por que o governo não tem prioridade para essa área. É mais que urgente a duplicação da ponte", acrescenta.

O projeto para tentar melhorar a mobilidade no Janga até foi feito pela Prefeitura de Paulista e entregue ao Governo do Estado, que está analisando os documentos para assinar um convênio com a gestão municipal.

Colunas estão desgastadas

Colunas estão desgastadasFoto: Rogerio Alves/Facebook

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura, esse projeto deve ser executado em duas etapas. A primeira delas é um processo de restauração, manutenção e conservação da ponte já existente. A construção de uma nova ponte faz parte da segunda. Quando as obras nos dois elevados estiverem concluídas, cada um deles ligará Paulista a Olinda em um sentido, ambos com duas faixas.

A manutenção da ponte, aliás, é um dos principais problemas para quem a usa diariamente. Não são raras as denúncias recebidas pelo Twitter @jctransito sobre o desgaste das colunas, por exemplo. Apesar disso, o Departamento de Estradas de Rodagens (DER) garante que não há risco de desabamento. Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o órgão afirmou que uma equipe será enviada ao local para analisar a estrutura.

Mas estão na lista de reclamações também os buracos. "Tem ferragem descoberta e alguns trechos estão sem o parapeito, isso sem falar nas condições da pista, cheia de buracos", afirmou, pelo Twitter, a universitária Kananda Correia, 18. O DER prometeu realizar uma operação tapa-buracos, mas só após o período de chuvas. Até lá, o suplício para sair do Janga vai continuar.

RODOVIA - A segunda fase do projeto prometido inclui, além das duas pontes, a duplicação da Avenida Cláudio Gueiros Leite, na PE-001, desde a ponte até a entrada do Conjunto Beira Mar, também no Janga, um trecho de aproximadamente 3,5 quilômetros. Atualmente, devido aos problemas no elevado, a via é travada constantemente.

Congestionamentos são constantes no Janga

Congestionamentos são constantes no JangaFoto: @luizfabianofoto/Twitter

Luiz Fabiano acredita, no entanto, que, se isso chegar a ser feito, só criará mais um afunilamento. Para ele, deve ser feito até Maria Farinha. "Mas já perdi as esperanças. Esse quadro não vai mudar", lamenta. Sem acreditar em melhorias, o jornalista já pensa em deixar o imóvel próprio em Pau Amarelo, onde mora há 15 anos, para alugar um apartamento e viver em Olinda, onde trabalha. "Nos primeiros cinco anos, a PE-001 tinha recapeamento, mas agora está se deteriorando cada vez mais. Não tem uma única faixa de pedestres, não tem nada, só alguns semáforos e, mesmo assim, ruins", afirma.

ORÇAMENTO - Dos 16 milhões orçados para o novo projeto, desacreditado por Luiz Fabiano, R$ 14,4 milhões são do governo estadual. Segundo a Secretaria de Planejamento e Gestão, o dinheiro já está disponível, aguardando apenas a assinatura do convênio. A contrapartida da prefeitura é de R$ 1,6 milhão.

A Secretaria de Infraestrutura de Paulista prevê que a ordem de execução seja assinada ainda no segundo semestre deste ano. Depois disso, ainda deverá ser feita a licitação para escolher a empresa responsável pela obra, um processo que costuma durar meses.

Até lá, a outra opção do jornalista, que é seguidor do Twitter @jctransito, é sair de Paulista pela PE-22, também cheia de buracos. "Também teria a Via Metropolitana Norte, que virou utopia, lenda", afirma. Anunciada em 2013 como a solução para o moroso tráfego entre Olinda e Paulista, está em ritmo lento e envolta numa pendenga jurídica que pode atrasar ainda mais sua conclusão. No caso dessa obra, tudo deveria ficar pronto até o início do próximo ano, o que é pouco provável que aconteça.

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