Transporte

Ônibus voltam a circular após seis horas de paralisação surpresa no Grande Recife

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 03/08/2015 às 10:20
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Trânsito era intenso no entorno da garagem da Caxangá, em Olinda, após o fim da paralisação / Foto: @jc_pe/Twitter

Trânsito era intenso no entorno da garagem da Caxangá, em Olinda, após o fim da paralisação Foto: @jc_pe/Twitter

Passageiros de ônibus foram pegos de surpresa, na manhã desta segunda-feira (3), com uma paralisação de seis horas de motoristas e cobradores que atuam na Região Metropolitana do Recife. Por seis horas, das 4h às 10h, os terminais ficaram cheios de usuários e nenhum veículo circulou. Sem os coletivos, muita gente saiu de carro e as principais vias ficaram congestionadas.

Mesmo após o fim da paralisação, os motoristas da empresa Metropolitana continuavam sem deixar a garagem. Mais de três horas depois, o Terminal Integrado do Barro, na Zona Oeste do Recife, um dos mais movimentados da capital, continuava sem ônibus.

O protesto foi realizado no primeiro dia útil após a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de suspender temporariamente reajuste salarial dos rodoviários. Com a medida tomada na última sexta (31), o TST reduziu o aumento para 9%, tanto para salários quanto para o vale-refeição - antes, havia sido de 12% nos salários e 59,57% no vale-alimentação. Paralelamente ao protesto desta manhã, o departamento jurídico da entidade entrou com uma ação para suspender a decisão.

A decisão judicial atende a recurso apresentado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), que alegou não ter como arcar com custos do aumento concedido pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no julgamento do dissídio coletivo após a greve da categoria, há duas semanas. Em nota, o sindicato afirmou que "lamenta que a população e a economia local sejam novamente penalizadas por uma paralisação promovida pelos rodoviários e repudia o movimento, realizado sem nenhum fundamento legal e sem qualquer comunicação prévia às empresas e à sociedade." Além disso, ressaltou que não poderia pagar o aumento concedido pelo TRT.

O Grande Recife Consórcio de Transporte disse, também em nota, que "notificou os sindicatos dos trabalhadores e o patronal, e também acionará o Ministério Público do Estado e Ministério Público do Trabalho, para que os mesmos atuem no sentido de evitar qualquer tipo de paralisação futura."

Desde o início da manhã, a disputa por táxis era grande nos aplicativos de celular. A paradas estavam cheias, mas poucos passageiros conseguiram seguir viagem em bacuraus que faziam as últimas viagens, já que apenas os motoristas que saíam das garagens ficaram sabendo sobre a paralisação. Um deles foi um Candeias que passou na Avenida Conselheiro Aguiar por volta das 6h50, a caminho do Centro.

No Terminal Integrado de Joana Bezerra, na área central, o movimento era intenso. A secretária Ana Priscila Bezerra, que mora em Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, esperou um ônibus por duas horas. Sem expectativa de passar coletivos, a empresa onde ela trabalha, na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, na Zona Norte, afirmou que enviaria um carro para buscá-la no TI. O problema é que o motorista também não conseguiu chegar por causa da paralisação.

A opção para quem teve oportunidade foi mesmo seguir de carro ou de carona. Somando isso ao maior fluxo de veículos para a volta às aulas, avenidas como a Agamenon Magalhães, a Rui Barbosa, a Boa Viagem e a Recife ficaram travadas. Quem tentava sair de Paulista e Olinda para chegar à capital enfrentou retenções na PE-15 e na BR-101.

O metrô estendeu o horário de pico em uma hora, aumentando o número de trens e reduzindo o intervalo entre eles. Em Joana Bezerra, os trens passavam cheios, mas não lotados. A movimentação era considerada normal. De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), houve uma redução de 20 a 30% da demanda pela manhã, pois metade dos passageiros usam o modal em integração com os ônibus. Por dia, circulam 400 mil pessoas no metrô e, no ônibus, 1,8 milhão.

Segundo o sindicato que representa os donos de empresas de ônibus, dois veículos foram apedrejados na garagem da Pedrosa, em Nova Descoberta, na Zona Norte, durante a paralisação desta manhã. O Sindicato dos Rodoviários, por sua vez, afirmam que motoristas e cobradores foram agredidos em frente à empresa. A denúncia é negada pela Urbana-PE.

Os rodoviários afirmam ainda que houve tumulto na garagem da empresa São Judas Tadeu, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. A confusão, no entanto, não foi registrada pela Polícia Militar.

Após a paralisação, o Sindicato dos Rodoviários e o grupo de oposição fizeram reuniões isoladas para avaliar o movimento. Os motoristas da empresa Caxangá, em Olinda, cogitaram parar novamente às 16h, porém não voltaram a protestar.

O sindicato organiza para esta terça-feira (4), às 14h, uma passeata saindo da Praça Oswaldo Cruz, na Boa Vista, para o Palácio do Campo das Princesas, a sede do Governo do Estado, no Centro. De lá, ainda seguirão para o TRT, no Cais do Apolo, também na área central. Ainda não foi definido se haverá uma nova paralisação durante o protesto.

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