Mobilização

Racha em sindicato paralisou parte dos ônibus no Centro do Recife nesta sexta

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 03/07/2015 às 12:47
Leitura:

Passageiros tiveram que seguir a pé / Foto: Amanda Miranda/JC Trânsito

Passageiros tiveram que seguir a pé Foto: Amanda Miranda/JC Trânsito

Motoristas e cobradores pararam dezenas de ônibus no Centro do Recife por duas horas e meia, no fim da manhã desta sexta-feira (3). A mobilização, convocada por uma oposição à atual presidência do Sindicato dos Rodoviários, expôs um racha na entidade que representa a categoria.

A paralisação, realizada de surpresa, começou por volta das 10h, quando os ônibus começaram a parar na Avenida Guararapes. Poucos minutos depois, já havia veículos bloqueando faixas da Ponte Duarte Coelho, da Avenida Conde da Boa Vista e da Rua do Sol.

Ivone Oliveira/ Facebook
Na Avenida Guararapes, motoristas e cobradores cruzaram os braços - Ivone Oliveira/ Facebook
Ivone Oliveira/ Facebook
Passageiros seguiram para seus destinos a pé - Ivone Oliveira/ Facebook
Ivone Oliveira/ Facebook
Um fila de ônibus foi formada nas imediações da Avenida Guararapes - Ivone Oliveira/ Facebook
Ivone Oliveira/ Facebook
Corredores de ônibus bloqueiam o tráfego no Centro do Recife - Ivone Oliveira/ Facebook
Ivone Oliveira/ Facebook
Motoristas e cobradores posam para foto - Ivone Oliveira/ Facebook
Ivone Oliveira/ Facebook
Passageiros tiveram que descer dos coletivos no meio do caminho - Ivone Oliveira/ Facebook

O boato de que haveria a mobilização começou nessa quinta (2), após a terceira rodada de negociação com a entidade patronal, Urbana-PE. O fato era negado pelo presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio. A paralisação foi realizada por um grupo divergente, liderado por Aldo Lima, ex-rodoviário que foi candidato a deputado federal no ano passado e esteve à frente do movimento para tirar do poder Patrício Magalhães após mais de 30 anos como presidente do sindicato, há dois anos.

Ônibus ficaram parados em três vias por duas horas e meia

Ônibus ficaram parados em três vias por duas horas e meiaFoto: Amanda Miranda/JC Trânsito

Do lado de Aldo nesse racha há integrantes da diretoria do sindicato, como o secretário-geral, Josival Costa. Ambos reclamam que ainda não há respostas dos donos de empresas de ônibus sobre o reajuste salarial pedido. Os profissionais pedem 30% de reajuste salarial para todos, além da mesma porcentagem de aumento para os motoristas de veículos articulados e BRTs. O grupo quer ainda que a remuneração dos cobradores - atualmente de R$ 812 - chegue a 70% do que é pago aos motoristas - de R$ 1.775.

A negociação conduzida pela atual presidência tem essas reivindicações na pauta, que, no total, possui 99 pontos. Uma nova rodada está marcada para a próxima segunda (6), quando deverá ser discutida a contraproposta dos patrões. “Como não concordamos com o que foi oferecido, eles (patrões) ficaram de apresentar uma contraproposta até a próxima segunda-feira. Resolvemos aguardar para não prejudicar o processo e peço a compreensão da categoria. A paralisação deve ser decidida em assembleia”, explicou o presidente do sindicato, Benílson.

O grupo que convocou o protesto nesta sexta não está satisfeito com o andamento das negociações, mas considerou a paralisação positiva. "Conseguimos a adesão de muitos rodoviários que ficaram hoje no Centro", afirmou Josival Costa. O secretário-geral estima que 10% da frota tenham paralisado as atividades.

Juarez afirma que os rodoviários têm direito de fazer a paralisação

Juarez afirma que os rodoviários têm direito de fazer a paralisaçãoFoto: Amanda Miranda/JC Trânsito

PASSAGEIROS - Devido à paralisação desta manhã, alguns passageiros seguiram percurso caminhando enquanto outros preferiram aguardar as duas horas e meia de manifestação dentro dos veículos. Um deles é o aposentado Juarez Félix Pereira, 57 anos, que vive em Paulista, na Região Metropolitana, e pega ônibus todos os dias no terminal integrado Pelópidas Silveira. "É um direito deles. Os motoristas e cobradores se arriscam todos os dias para fazer o transporte e devem ganhar bem. Apesar de atrapalhar, sou a favor do protesto", afirmou, dentro de um coletivo da empresa Caxangá que estava parado havia duas horas.

Já a costureira Maria do Socorro Souza, também 57, que estava no mesmo ônibus, não concordou com a paralisação. "Se querem protestar por causa do salário, têm que ir para a frente das empresas e protestar lá. É um direito deles, mas o que não podem fazer é parar no meio da rua. Não podemos ficar à mercê disso para chegar em casa", reclamou.

Na parada de ônibus em frente aos Correios, na Avenida Guararapes, a balconista Edinalva Alves, 50, defendeu os rodoviários, alegando que motoristas e cobradores têm direito de reivindicar melhores condições de trabalho, entretanto reclamou porque a paralisação foi realizada sem aviso prévio. "O que não concordo é que a gente tenha que ficar aqui, de surpresa, esperando e sem saber de que horas vai poder sair. Mas eles estão certos em protestar."

Por nota, a Urbana informou que o serviço já está normalizado e que as ações dos manifestantes afetou negativamente a população e economia local.

Confira a nota na íntegra: 

A Urbana-PE informa que o serviço de transporte público por ônibus foi restabelecido em sua totalidade após paralisação ilegal promovida por dissidentes do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco. A Urbana-PE reforça queestabeleceu entendimento com o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco junto ao Ministério Público do Trabalho, garantindo que nenhuma paralisação ou protesto deveriam ser promovidos até o final das negociações do dissídio coletivo da categoria. Lamentavelmente, esse entendimento foi descumprido e, mais uma vez, a população e economia local foram penalizados por um movimento que busca apenas projeção política para projetos individuais e não contribui para a negociação coletiva em andamento. A Urbana-PE pede discernimento e responsabilidade aos trabalhadores e assegura aos usuários de transporte público que não medirá esforços para impedir que atos ilegais como este sejam repetidos.

 

Mais lidas