GRANDE RECIFE

Criticada por passageiros, biometria nos ônibus reduziu fraudes em 30%

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 28/06/2015 às 15:03
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Foram investidos quase R$ 5 milhões na implantação do sistema / Foto: Arquivo/ JC Imagem

Foram investidos quase R$ 5 milhões na implantação do sistema Foto: Arquivo/ JC Imagem

Presente nas catracas de todos os ônibus da Região Metropolitana do Recife desde janeiro deste ano, a biometria digital foi implantada para evitar fraudes, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE). Em cinco meses, houve uma redução média de 28,17% na utilização das gratuidades no sistema. Antes da implantação da biometria, o sistema operava com cerca de 11 milhões de passageiros transportados gratuitamente. "Atualmente, operamos com 8,115 milhões de gratuidades" (média mensal de janeiro a maio de 2015).  Apesar da queda no número de fraudes, passageiros reclamam de falhas na biometria.

É aconselhável que o passageiro, quando for passar o dedo, veja se está na posição certa e deslize devagar

É aconselhável que o passageiro, quando for passar o dedo, veja se está na posição certa e deslize devagarFoto: Michele Souza / JC Imagem

Foram investidos quase R$ 5 milhões na implantação do sistema, incluindo os equipamentos embarcados nos ônibus e o software. O primeiro teste biométrico foi realizado em dezembro de 2013 e começou a ser instalado nos coletivos em agosto de 2014 e finalizado em janeiro de 2015.

Alguns passageiros reclamam de esperar bastante tempo nas filas depois da implantação do sistema. A estudante de educação física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Maria Clara Araújo, 17 anos, relata que há quem tenha dificuldades de utilizar a biometria. "Tem muita gente que não consegue acertar a digital de primeira, aí fica parado na catraca tentando enquanto várias pessoas ficam esperando". Apesar de algumas críticas, o serviço não deverá ser alterado.

O estudante de história Jonatas Marques, 21, reclama de máquinas com defeitos e das filas. "Já peguei ônibus com máquinas defeituosas e ninguém conseguia passar na biometria, ou seja, a fila pra passar na catraca ficou uma beleza. Acho esse sistema totalmente desnecessário, só atrapalha o fluxo de passageiros em paradas com grande volume de usuários. A carteira de estudante é o comprovante que você tem direito de pagar meia passagem, tal medida só foi feita visando dificultar o uso do VEM estudante e aumentar os lucros das empresas", opinou Jonatas. A Urbana-PE afirmou que 100% da frota foi equipada com os leitores biométricos. Eventuais ausências são decorrentes de atos de vandalismo. 

Pessoas com problemas nas digitais também reclamam do sistema. A estudante de música Cecilia Cabral, 21, critica os atrasos. "Desde que começou esse negócio a minha digital nunca pegou. Fui quatro vezes lá pra recadastrar. Quando mudei o dedo na 4°vez foi que funcionou. Acho meio desnecessário e só faz atrasar."

A Urbana-PE informou que existe um setor especial no Posto do VEM (Vale Eletrônico Metropolitano) somente para as pessoas com problemas no sistema biométrico. Os cobradores são orientados a conferir a documentação dos usuários com problemas de verificação biométrica e encaminhá-los ao posto para revisão do cadastro. Apenas em casos de confirmação da identidade podem liberar o embarque. Caso contrário, devem solicitar pagamento da passagem ou imediato desembarque. 

Mileide Riso  tem problemas na digital por causa de uma alergia

Mileide Riso tem problemas na digital por causa de uma alergia Foto: Mileide Riso/ reprodução

Já a estudante de Ciência Biológicas Mileide Riso, 26, tem problemas na digital dos seus dedos devido à uma alergia por causa de produtos químicos. "Para utilizar o ônibus espero o apito três vezes e o cobrador libera. Mas ele fica com a cara de desconfiado, deve achar que não sou a portadora do VEM". Quando questionada se procurou algum órgão responsável pelo software, ela respondeu que ainda não teve tempo. "Não fui ainda lá porque estou sem tempo, mas não sei o que fariam por mim".  Neste caso, a usuária deve comparecer ao Posto do VEM com um atestado médico que comprove a alergia para a obrigatoriedade da biometria ser retirada.

É aconselhável que o passageiro, quando for passar o dedo, veja se está na posição certa e deslize devagar. Todos os VEMs gratuitos ou de meia-entrada necessitam utilizar o sistema digital. 

Após o uso da biometria, alguns passageiros estão tentando burlar o pagamento forçando a porta traseira do ônibus para vários estudantes entrarem sem pagar, cena comum próximo às escolas. A Urbana destacou que o embarque pelas portas do meio e traseira é um dos graves problemas que o sistema enfrenta. Quando um passageiro não embarca corretamente, através da catraca, o serviço da linha não pode ser dimensionado de forma adequada, o que acarreta em nível de ocupação indevido nos ônibus. A entidade também repassa o custo para todos os passageiros do sistema. Ainda é importante reforçar que o embarque pelas portas do meio e traseira representa risco para os passageiros. 

Quem estiver com dúvidas sobre o sistema VEM pode acessar o site do órgão ou ligar para mais informações. Dúvidas sobre o VEM Estudante : (81) 3182-5551 e 0800-0810158 / VEM Trabalhador: (81) 3125-7858.

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