Para a PCR

Protestos por moradia param o Centro do Recife

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 14/05/2015 às 10:19
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Moradores de ocupação no Centro bloquearam a Rua Princesa Isabel / Foto: Marcela Balbino/Blog de Jamildo

Moradores de ocupação no Centro bloquearam a Rua Princesa Isabel Foto: Marcela Balbino/Blog de Jamildo

Três protestos por melhores condições de moradia complicam o trânsito no Centro do Recife na manhã desta quinta-feira (14). A primeira passeata começou na Rua Princesa Isabel, a segunda na Avenida Agamenon Magalhães e a terceira na Avenida Conde da Boa Vista, todas realizadas por famílias que vivem em ocupações na capital pernambucana. Os grupos têm a sede da prefeitura, na Avenida Cais do Apolo, como ponto de encontro.

Grupos pedem políticas públicas de moradia mais eficientes

Grupos pedem políticas públicas de moradia mais eficientesFoto: Ana Maria Miranda/NE10

O ato de moradores na Casa Franciscana Sagrado Coração de Jesus, na Rua da Saudade, teve início às 8h, bloqueando o trânsito ao lado do Parque 13 de Maio. Meia hora depois, saíram em passeata pela Rua da Aurora e pela Ponte do Limoeiro até chegar à PCR. Lá, uma comissao formada por quatro pessoas foi recebida.

O trânsito foi desviado na Rua do Príncipe. Os motoristas que seguiam para os bairros do Recife, de Santo Antônio e de São José precisaram entrar na Rua do Hospício e seguir pela Rua do Riachuelo. Quem preferiu retornar pôde entrar à direita na Avenida Conde da Boa Vista.

Os manifestantes reclamam que, apesar de um laudo da Defesa Civil do Recife ter apontado alto risco de desabamento do imóvel onde vivem, segundo eles, a prefeitura não apresentou alternativas. Setenta famílias vivem na casa há cerca de um ano e meio. De acordo com a Defesa Civil, desde então, há um processo judicial para a desocupação, iniciada pelo proprietário.

A desempregada Rúbia Ferreira, 30 anos, mora com os nove filhos na ocupação. "Sofremos muito com ratos, baratas e escorpiões. Precisamos de um lugar para morar, queremos moradia digna", reclama. Ex-moradora da Favela do Plástico, incendiada no mês passado, Erica Avelino, 34, passou a viver na Sagrado Coração e pede melhores condições. "Pobre também merece", diz.

Manifestantes que estavam na Agamenon seguiram para a Avenida Norte

Manifestantes que estavam na Agamenon seguiram para a Avenida NorteFoto: Ana Maria Miranda/NE10

Por volta das 9h, dezenas de manifestantes fecharam o sentido Olinda/Zona Sul da Avenida Agamenon Magalhães, próximo ao cruzamento com a Rua Odorico Mendes. O Corpo de Bombeiros chegou meia hora depois para apagar o fogo que bloqueava a via. Então, o grupo saiu com faixas para o sentido oposto, entrando no bairro de Santo Amaro. O ato seguiu pela Avenida Norte, por onde seguiu até a Ponte do Limoeiro.

São moradores de duas ocupações: Construindo Sonhos, na Avenida Agamenon Magalhães, na Zona Norte, e 21 de Abril, na Estrada dos Remédios, recentemente alvo de ação de reintegração de posse. Além deles, estão moradores da Favela do Plástico.

De acordo com um dos coordenadores da manifestação, Paulo André, gerente geral do Organização de Luta dos Movimentos Populares (OLMP) em Pernambuco, o ato é para sensibilizar o governo a reduzir a burocracia para a construção de casa populares e a liberação de terrenos. "Não é uma prioridade, mas é preciso uma política estadual e municipal para as pessoas que recebem de 0 a 3 salários mínimos", afirma. "As pessoas têm que se submeter a ocupar esses espaços que não têm estrutura", acrescenta.

Moradores da ocupação Olga Benário, no Jiquiá, na Zona Oeste, fecharam a Avenida Conde da Boa Vista pouco antes das 10h. O ato seguiu pela Rua da Aurora, passando pelo Palácio do Campo das Princesas. Pela Ponte Buarque de Macedo, chegaram à Avenida Cais do Apolo. A partir das 11h20, fecharam as duas faixas em direção ao Cais do Apolo, em frente à PCR.

O trânsito foi desviado na via. Os motoristas não podem seguir pela Ponte do Limoeiro em direção à prefeitura nem pela própria Cais do Apolo.

Os manifestantes são contra a determinação da 21ª Vara Cível do Recife de desocupação da área à margem da BR-101 onde vivem há 10 dias. O imóvel de cerca de 45 mil metros quadrados, pertence à  Jequiá Empreendimentos Imobiliários, que pretende construir edificações no local.

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