Confusão

Confundido com motorista do Uber, estudante é agredido por taxistas no Recife

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 24/04/2016 às 17:30
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Estudante afirmou que levou socos e chutes dos taxistas / Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

Estudante afirmou que levou socos e chutes dos taxistas Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

Três taxistas são acusados pelo estudante de direito Thiago Magalhães, 21 anos, de agredi-lo na tarde desse sábado (23), no bairro da Torre, na Zona Oeste do Recife. Os suspeitos teriam confundido o jovem, que vestia roupas sociais e dirigia um Classic branco, com motorista do Uber. Esse não foi o primeiro caso de confusão envolvendo motoristas de táxi e do aplicativo na capital pernambucana. A associação que representa os taxistas na cidade, no entanto, nega a agressão.

Jovem relata que taxistas chutaram o joelho dele

Jovem relata que taxistas chutaram o joelho deleFoto: Thiago Magalhães/Cortesia

Thiago saía de casa, por volta das 14h40, para ir a uma reunião, quando um táxi bateu na lateral direita do carro dele. "Parei a uns 20 metros para ver o que tinha acontecido e desci para falar com ele (o motorista), achando ainda que era colisão de trânsito normal", contou. "Ele já veio me agredindo. Deu um soco, mas consegui desviar. Depois acertou meu rosto e eu bati nele também. Até então era uma briga entre duas pessoas, quando mais dois taxistas chegaram", relatou ainda ao JC Trânsito. O caso foi publicado no perfil do estudante no Facebook e, até as 16h deste domingo (24), tinha mais de 650 compartilhamentos.

O jovem contou que um dos taxistas que também o agrediram chegou pela mesma rua, próximo ao Atacado dos Presentes, e parou o veículo entre ele e o carro, para que ele não pudesse sair. "Esse taxista me deu uma rasteira e, quando caí, os dois pisaram no meu joelho e me chutaram. Consegui me defender de alguns golpes e vi que pessoas ao redor começaram a gritar que três contra um era covardia. Foi aí que ouvi quando um chamou o outro para ir embora", afirmou. Uma mulher anotou as placas dos táxis e entregou o papel a Thiago.

Em meio à polêmica sobre o Uber no Recife, relato do estudante teve centenas de compartilhamentos no Facebook

Em meio à polêmica sobre o Uber no Recife, relato do estudante teve centenas de compartilhamentos no FacebookFoto: Thiago Magalhães/Cortesia

O jovem recebeu atendimento médico e foi até Delegacia do Cordeiro, também na Zona Oeste. Porém, só havia um policial, que afirmou que ele teria que prestar queixa na Central de Flagrantes, na Zona Norte. Lá, esperou cerca de duas horas e meia e foi informado de que o Boletim de Ocorrência não poderia ser registrado porque a internet não estava funcionando e a previsão para que o serviço fosse retomado era de 48 horas. Thiago foi orientado, então, a ir ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de onde poderia ser encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) para fazer um exame traumatológico à noite. O estudante deve voltar ao DHPP, no bairro do Cordeiro, nesta segunda-feira (25), para tentar fazer o registro novamente.

O advogado Gilmar de Oliveira, que vai representar o jovem, afirmou que entrará na Justiça contra os taxistas acusados pelo jovem, identificados até agora pelas placas dos carros. Além disso, nesta segunda-feira, enviará ofícios ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), pedindo que o órgão intervenha junto à Prefeitura do Recife em relação aos taxistas e ao Uber, e ao secretário de Mobilidade e Controle Urbano da cidade, João Braga, solicitando providências. "Estou esperando as investigações. Já há vários casos, mas sou o primeiro caso de alguém que não tem nada a ver com o Uber ser agredido por taxistas", afirmou o jovem.

O presidente da Associação dos Profissionais Condutores Auxiliares de Táxi do Recife, Sandro Cavalcanti, negou que taxistas tenham agredido o rapaz. "A categoria dos taxistas do Recife não recebe orientação para partir para agressão ou violência. Na realidade, são os motoristas da Uber que estão fazendo provocações, especialmente ao redor dos estabelecimentos onde há pontos de táxi, como o BarChef e o Bar Central. Até filas os motoristas da Uber chegam a fazer em pontos como esses e ficam se exibindo. A categoria dos taxistas é que está mais sofrendo com isso."

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