Transporte e Saúde

Pombos tomam conta de terminais integrados e do metrô, colocando passageiros em risco

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 22/02/2016 às 12:55
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Animais se abrigam em espaços nos telhados das estações e T.Is / Foto: Júlio Cirne/JC Trânsito

Animais se abrigam em espaços nos telhados das estações e T.Is Foto: Júlio Cirne/JC Trânsito

Quem mora no Recife e? na? Região Metropolitana (RMR) e precisa usar o transporte coletivo para se locomover certamente já encontrou com eles em estações de metrô e nos terminais de integração: os pombos. Apesar de alguns passageiros não se importarem com a presença dessas aves, especialistas alertam que elas podem transmitir doenças gravíssimas para os seres humanos?, com sintomas como simples irritações na pele e até mesmo meningite.

Não é difícil encontrá-los, por exemplo, na estação Joana Bezerra, que integra as linhas Centro e Sul do Metrô do Recife. Os animais parecem ter feito colônias e estabelecido morada nos espaços livres das vigas que sustentam o telhado da estação. Quem pega o metrô logo cedo percebe a grande quantidade de fezes dos animais no chão da plataforma e até mesmo em partes das paredes e lâmpadas. 

É justamente isso que representa o maior perigo para a saúde dos usuários. De acordo com a infectologista Sylvia Lemos Hinrichsen, médica do Hospital Memorial São José, quando secas, as fezes dos pombos transportam, em partículas minúsculas, fungos e bactérias que causam desde uma pequena irritação na pele até mesmo meningite. 

"O vento espalha essas partículas de fezes pelo ar. A pessoa inicialmente pode pensar que se trata de uma pequena irritação na pele, ou mesmo uma alergia, mas o problema pode ser mais sério", explica a médica. Entre as mais graves estão a criptococose e a histoplasmose.

Além dos microrganismos das fezes, os pombos têm piolhos e carrapatos que, em contato com a pele humana, causam irritações e coceiras que as pessoas confundem com uma picada de um inseto. 

Ornitólogo (especialista em aves) e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Severino Mendes Júnior explica que a presença dos pombos no metrô do Recife e nos TIs da RMR se dá, principalmente, por causa dos hábitos dos próprios usuários: "Essas aves buscam comida, que é facilmente encontrada por eles nesses locais, onde as pessoas costumam descartar os restos dos alimentos." 

Pipocas, biscoitos e toda variedade de alimentos são encontrados à venda no comércio informal do metrô do Recife, como o JC Trânsito já mostrou em reportagens anteriores, clique AQUI para ler. Os restos desses alimentos, que os passageiros descartam no chão, acabam virando a principal fonte de alimento dos pombos.  

"Com comida disponível, lugar para se abrigar e sem predadores naturais, a população de pombos vai crescendo de maneira descontrolada não só nesses ambientes, mas na cidade do Recife de uma forma geral", explicou Mendes Júnior. 

Veja imagens dos pombos no metrô e TIs:

Júlio Cirne/JC Trânsito
Especialista explica que os pombos se estabeleceram no metrô e nos T.Is porque encontram alimentos com muita facilidade - Júlio Cirne/JC Trânsito
Júlio Cirne/JC Trânsito
Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Especialista explica que os pombos se estabeleceram no metrô e nos T.Is porque encontram alimentos com muita facilidade - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Fezes secas dos animais possuem fungos que causam doenças gravíssimas, caso seja inalada ou ingerida através de alimentos contaminados - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Pombos tomam conta de vários espaços nos terminais de integração e nas estações do metrô. Contato com fezes ou piolho das aves causa várias doenças - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Pombos tomam conta de vários espaços nos terminais de integração e nas estações do metrô. Contato com fezes ou piolho das aves causa várias doenças - Júlio Cirne/JC Trânsito
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Pombos tomam conta de vários espaços nos terminais de integração e nas estações do metrô. Contato com fezes ou piolho das aves causa várias doenças - Júlio Cirne/JC Trânsito

Segundo os cálculos do professor, a população dessas aves no Recife pode triplicar em um ano, haja vista que cada fêmea coloca dois ovos a cada reprodução, podendo haver até duas reproduções por ano. Além disso, um pombo pode viver até 25 anos. 

COMO CONTROLAR - O professor Mendes Júnior esclarece que essa é uma situação muito difícil, pois é preciso que se passe por uma mudança radical nos hábitos de comportamento dos usuários de transporte coletivo. "Muitas pessoas acham bonito alimentar os pombos", conta o professor, apontando que a principal ação para erradicar a presença dos animais é dificultar a oferta de alimentos. 

Uma maneira mais radical seria o extermínio da população das aves, por meio do abate. No entanto, o professor alerta que o cidadão comum não pode tomar essas ações, simplesmente matando os pombos. Isso só pode ser feito de maneira programada e estudada por órgãos responsáveis, como o Ibama, CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) e a vigilância sanitária de cada município. 

A assessoria da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU/Metrorec) informou à reportagem do JC Trânsito que está sendo testado um dispositivo eletrônico que deixa os pombos atordoados e impede o pouso das aves nas estações do Metrô. O teste foi realizado na estação Afogados e deve ser aberta uma licitação para que uma empresa instale os dispositivos no sistema da Companhia. 

Com relação às fezes dos pombos nas estações, o metrô explica que a limpeza das áreas onde os animais dormem é mais difícil de ser realizada, uma vez a área coberta do metrô é muita alta, além de ser o local por onde passa a fiação elétrica das estações, o que representa um grande risco para quem faz a limpeza. 

O Grande Recife Consórcio de Transporte também informou que a limpeza nos terminais é feita constantemente, Contudo, com relação a presença dos pombos, em especial no TI PE-15, o Consórcio informa que está entrando em contato com os órgãos de Controle Ambiental da RMR para que eles orientem a melhor forma de tratar o problema.

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