Manifestação

Primeiro protesto contra aumento de passagens termina em confusão no Recife

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 15/01/2016 às 22:03
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Manifestantes atearam fogo em objetos no Centro / Foto: Amanda Miranda/JC Trânsito

Manifestantes atearam fogo em objetos no Centro Foto: Amanda Miranda/JC Trânsito

O primeiro protesto contra o reajuste das tarifas na Região Metropolitana do Recife começou com tranquilidade, saindo da Praça do Derby e percorrendo as principais vias da área central do Recife na tarde desta sexta-feira (15). Porém, foi com clima tenso e confusão que a passeata acabou já à noite, no terminal do Cais de Santa Rita. O trânsito travou.

Três manifestantes foram detidos. O primeiro, David Sampaio, 21 anos, estava na Avenida Conde da Boa Vista quando foi abordado pela Polícia Militar. A PM o deteve alegando que ele portava materiais para fazer coquetel molotov, o que foi negado por ele. O jovem foi levado para a Central de Flagrantes. Após gravar a ação policial, o fotógrafo Genival Fernandes teve o cartão de memória apreendido.

O segundo jovem detido pela PM foi já no Cais de Santa Rita. O grupo estava reunido no centro do terminal para debater como seria a próxima manifestação, na segunda-feira (18), quando foram ouvidos disparos de balas de borracha. Houve tumulto e o diretor da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe), Henrique Dantas, foi detido. O jovem foi liberado depois. "O policial disse que o chamei de filho da p*, mas não estou entendendo nada", disse o estudante. Um dos integrantes da Frente de Luta pelo Transporte Público foi ferido na barriga. Também acusado pela PM de desacato, outro jovem foi detido no Cais de Santa Rita, enquanto embarcava em um ônibus.

Protesto percorreu toda a Avenida Conde da Boa Vista

Protesto percorreu toda a Avenida Conde da Boa VistaFoto: Amanda Miranda/JC Trânsito

Apesar do fim tumultuado, o protesto começou de forma pacífica. O ato teve concentração na Praça do Derby, de onde saiu às 15h40, e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista até a sede da Secretaria das Cidades, na Rua Gervásio Pires. Os manifestantes chegaram a cogitar ir até a casa do governador Paulo Câmara ou ao Grande Recife Consórcio de Transporte. Com gritos de ordem e cartazes, apresentavam as suas reivindicações: além de tentar impedir o reajuste das tarifas, aumentar a frota de ônibus, fazer campanhas pelo fim dos abusos nos veículos e ampliar o passe livre, entre outras.

Ao chegar à secretaria, no entanto, o expediente já havia acabado e os estudantes decidiram retornar pela Conde da Boa Vista para o Cais. Foi aí que começou a confusão e o primeiro jovem foi detido. Contra a ação policial, manifestantes cercaram a viatura da PM. Policiais usaram spray de pimenta para dispersar o grupo e os efeitos dos gases atingiram também pedestres que passavam pelo local.

No caminho, manifestantes falavam com passageiros dos ônibus

No caminho, manifestantes falavam com passageiros dos ônibusFoto: Amanda Miranda/JC Trânsito

O ato continuou pelas avenidas Guararapes, Dantas Barreto e Nossa Senhora do Carmo, com os estudantes pedindo a desmilitarização da polícia. Na Avenida Martins de Barros, atearam fogo em papelões e bandeiras, bloqueando o trânsito. Motoristas que estavam no local buzinaram e foram vaiados pelos estudantes. De lá, a passeata foi para o terminal, onde terminou em clima tenso.

REAJUSTE - A proposta da Urbana-PE, sindicato que representa as empresas de ônibus, é de que o reajuste seja de 32% no anel A, o mais usado, que passaria dos atuais R$ 2,45 para R$ 3,25. Já o anel B passaria de R$ 3,35 para R$ 4,40. Uma fonte ligada ao governo, porém, afirmou que o aumento não chega perto desses números.

O presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte, Francisco Papaleo, não adiantou qual será o valor defendido pelo órgão, mas afirmou que ele não será obrigatoriamente igual ao apresentado pela Urbana-PE. "A nossa proposta será após um estudo minucioso através de uma planilha adotada nacionalmente", defendeu. Entre os itens analisados estão a inflação no período, o custo dos combustíveis e as despesas com os trabalhadores do setor.

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