Violência

Às vésperas do Carnaval, Recife vive madrugada de terror e onda de insegurança se espalha

Cássio Oliveira
Cássio Oliveira
Publicado em 21/02/2017 às 9:05
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Na manhã desta terça, após horas de tiroteio, a população acordou surpresa com o tamanho da investida / Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Na manhã desta terça, após horas de tiroteio, a população acordou surpresa com o tamanho da investida Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Eram 3h da madrugada desta terça-feira (21) quando um grupo de cerca de 20 criminosos, fortemente armados com metralhadores e fuzis, entraram em confronto com a Polícia Militar após arrombarem o cofre de uma empresa de transporte de valores, no bairro de Areias, na Zona Oeste do Recife. Até o momento, o valor oficial do roubo não foi divulgado, mas um tenente da PM fala que o valor gira em torno de R$ 60 milhões.

A investida ocorreu em meio a uma forte crise de segurança em Pernambuco, com troca de comandos das polícias no Estado. O clima fica ainda mais acirrado às vésperas de uma das maiores festas do Estado, o Carnaval - coincidentemente nesta terça-feira será feito o anúncio do esquema de segurança para a festa, que atrai milhares de turistas ao Estado.

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O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que tinha viajado a São Paulo nesta segunda (20), desistiu dos planos e voltou a Pernambuco. Diante das últimas ocorrências, a bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) decidiu entregar, na manhã desta terça-feira (21), um ofício dirigido ao governador para que o Estado de Pernambuco solicite o apoio da Força Nacional para reforçar a segurança no Carnaval.

Foto: Divulgação
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Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A INVESTIDA DA MADRUGADA - Os bandidos foram ousados e decidiram queimar três carros na Avenida Doutor José Rufino para dificultar a perseguição policial e chegarem até a empresa Brinks. Um quarto veículo foi abandonado no viaduto Ulisses Guimarães, sobre a Avenida Recife, e um caminhão foi queimado também na Avenida Recife.

De acordo com o comandante da Polícia Militar, Vanildo Maranhão, o grupo chegou na avenida em caminhões e a troca de tiros começou em uma blitz do BPTRAN. "A blitz é perto da empresa, eles fizeram um cerco de 360 graus da empresa. É um grupo altamente organizado, preparado e treinado", afirmou o coronel.

A partir daí o sentimento de terror e insegurança tomou conta nas redondezas e nas redes sociais. Vídeos com o barulho das rajadas de tiros foram compartilhados e os relatos da ação logo se tornaram públicos. Logo, internautas começaram a cobrar soluções para a insegurança que domina o Estado.

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"Acordamos com os tiros, pensei que fosse guerra", disse uma moradora do Conjunto Ignez Andreazza, localizado na Avenida Recife, Zona Oeste da cidade. As balas que serviram como despertador para Angela Peixoto, dona de casa, de 59 anos, também tiraram o sono de muitos outras pessoas que moram nas proximidades da empresa de segurança e transporte de valores Brinks.

Além dos tiros houve explosões

A quadrilha explodiu o muro da loja de conveniências de um posto de gasolina ao lado da empresa para conseguir acessar diretamente a sala onde o cofre estava instalado. No local, plantaram mais explosivos para arrombar o equipamento.

Segundo a PM, a Rádio Patrulha foi acionada de imediato para cercar os bandidos, que estariam todos já dentro da empresa, e a Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE) entrou com um grupo tático. 

Segundo o portal LeiaJá, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Transporte de Valores (Sindfort-PE) denunciou a falta de segurança no local. De acordo com Cláudio Mendonça, presidente do Sindicato, no momento da ação dos bandidos havia apenas um vigilante na guarita e dois funcionários na tesouraria. Ainda de acordo com ele, o vigilante do local foi retirado por representantes do Sindfort-PE, por volta das 4h40. 

Em entrevista à Rádio Jornal, o consultor de segurança privada Coronel Antônio Menezes afirma que a ação já era esperada. O especialista em segurança diz que ocorrências parecidas foram registradas no Sul e Sudeste do País e que por isso uma investida já era esperada no Nordeste.

Para o Coronel, as quadrilhas têm obtido informações privilegiadas com o uso de tecnologias como drones, por exemplo. Os equipamentos seriam os responsáveis por fazerem o reconhecimento da área que os grupos querem atingir. No entanto, o especialista descarta que integrantes desses bandos estejam infiltrados nas empresas de vigilância.

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Foi quando houve o segundo confronto com os criminosos. Três policiais militares ficaram feridos após o tiroteio. Jarbas de Arruda Cordeiro, 54 anos, levou um tiro no braço, enquanto José Wellington da Sáude, 31 anos, foi atingido na perna direita. Erisson Pedro Alexandrino, 40 anos, foi atingido por estilhaços na região da cabeça. 

Os três foram encaminhados ao Hospital da Restauração (HR), situado na área central da cidade e passam bem. Informações iniciais apontam que também há bandidos feridos. Entretanto, nenhum foi preso até o momento. 

O clima de insegurança em Pernambuco só aumenta

Os pernambucanos estão passando por maus bocados. Todos os dias novos relatos de assaltos à ônibus, bandidos tocando o terror em cidades do interior e cenas de guerra na Região Metropolitana. "Acordamos com os tiros, pensei que fosse guerra", disse uma moradora do Conjunto Ignez Andreazza, localizado na Avenida Recife

Até mesmo o Carnaval de Pernambuco deve sofrer uma baixa no quantitativo de foliões este ano devido a insegurança. É o que aponta um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Uninassau, encomendado pelo LeiaJá em parceria com o Jornal do Commércio, divulgado no último sábado (18). A uma semana do início oficial da festa, segundo a amostra, 56,2% dos recifenses não pretendem participar da folia de momo. Deles, 44,4% temem a violência no período carnavalesco.

Nesta manhã, os moradores encontram os rastros da violência por toda a parte:

Com índices cada vez maiores de violência no estado, o governador Paulo Câmara mudou na sexta-feira (17) o comando das políciais civil e militar. O comandante da PM, coronel Carlos D'Alburqueque, e o chefe da Polícia Civil, delegado Antônio Barros, foram afastados dos cargos.

Só no mês de janeiro foram registrados 479 homicídios em Pernambuco, sendo 273 no interior, 136 na Região Metropolitana e 70 só no Recife. Em relação ao mesmo período no ano passado, o índice de assassinatos aumentou em 35%. Os números, divulgados pela Secretaria de Defesa Social, fazem parte de um novo modelo de informação sobre a violência no estado.

Agora, os dados não serão apresentados mais diariamente pela internet, mas uma vez por mês. A gestão justifica a medida como uma forma de esclarecer melhor os crimes violentos, verificando a real intencionalidade das mortes.

O aumento das taxas de desemprego e a operação padrão realizada pela Polícia Militar desde dezembro do ano passado foram apontados pelo secretário de planejamento, Márcio Stefananni, como fatores que teriam contribuído para o aumento das mortes violentas, que vêm crescendo mês a mês. Em novembro foram 406 casos e em dezembro, 472 assassinatos.

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