Invasão

História: há 385 anos, Olinda era incendiada pelos holandeses

Ingrid Cordeiro
Ingrid Cordeiro
Publicado em 24/11/2016 às 9:32 | Atualizado em 12/08/2020 às 22:48
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Olinda foi palco de diversos acontecimentos históricos de Pernambuco / Foto: Chico Porto/Acervo JC Imagem

Olinda foi palco de diversos acontecimentos históricos de Pernambuco Foto: Chico Porto/Acervo JC Imagem

Olinda. 24 de novembro, não de 2016, mas de muitos anos atrás, exatamente 1631. Há 385 anos, a então capital da província que deu mais lucro (Pernambuco) era incendiada pelos holandeses. 

Para os que observam do Alto da Sé a cidade inteira que está de pé há séculos, é difícil imaginar que um dia tudo pegou fogo. O motivo? A invasão estava sendo bem complicada, Olinda, era na época, a cidade mais importante do Brasil Colônia, e a resistência era bastante forte.

Personagens como Henrique Dias, Felipe Camarão e o líder Matias de Albuquerque foram atores principais da luta dos pernambucanos contra a invasão holandesa.

 

Contexto Histórico da invasão holandesa

Após a formação da União Ibérica, junção dos reinos de Portugal e Espanha, a Holanda viu no Brasil uma oportunidade de expandir os laços comerciais. Então, decidiu mandar expedições para tentar tomar primeiro a Bahia em 1624, expedição que não deu certo, e Olinda, em 1630. 

Segundo a historiadora Aneide Santana, o objetivo dos holandeses no País era bem claro: explorar os recursos da região mais próspera do Brasil. “Os holandeses tinham a intenção de vir a Pernambuco pelo atrativo da cana-de-açúcar. Naquele momento, o Estado tinha um significado muito grande para o País e Olinda era sede da capitania”, explica Aneide.

Dada a importância de Olinda, era imprescindível que a tomada da cidade fosse completa. “Na visão holandesa, a cidade não poderia ter ficado intacta. Com o incêndio, instituições como as ordens religiosas dos Carmelitas e Jesuítas não puderam se reestruturar.

A Olinda do período não tinha uma população que vivesse o lugar durante todo o tempo. Os habitantes eram, no geral, senhores de engenho donos de plantações de cana-de-açúcar que vinham para negociar e depois voltavam para o interior. "A população era sazonal e o objetivo dos holandeses era o de desagregar e não ocupar a cidade”, diz Santana.

 

Período holandês: de 1630 até 1654

Após conseguirem se estabelecer em Pernambuco, os holandeses se fixaram no que, inicialmente, era só um porto e algumas casas: o Recife. “A Companhia das Índias Ocidentais resolveu ir para o Recife porque lá havia um porto e por isso havia uma facilidade maior no comércio”, explica a historiadora Aneide Santana.

Escolhida a cidade, os novos colonos trataram de desenvolvê-la. Com a chegada do Conde Maurício de Nassau, os invasores chamaram o Recife de "Mauritzstad" e deixaram todo um legado que pode ser observado até hoje em cada pedaço da Veneza Brasileira.

Em 1654, 24 anos depois, Portugal (com ajuda da resistência pernambucana) conseguiu de volta o Nordeste, que havia sido dominado pelos holandeses. Várias batalhas famosas, como a dos Guararapes, trouxeram aos pernambucanos o sentimento de nação. “Os holandeses marcaram definitivamente a nossa história e a invasão deu aos pernambucanos a noção de natividade, de pertencimento à terra”, encerra a historiadora.

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