Segurança

SDS usará PMs para manter atendimento durante greve da Polícia Civil

Julliana de Melo
Julliana de Melo
Publicado em 20/10/2016 às 20:49
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Angelo Gioia diz que quer garantir o livre acesso da população civil às delegacias / Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem

Angelo Gioia diz que quer garantir o livre acesso da população civil às delegacias Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem

Diante de uma greve deflagrada duas semanas após assumir o cargo, o novo secretário de Defesa Social, Angelo Gioia, afirmou nesta quinta-feira (20) que usará o efetivo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para auxiliar nas delegacias durante a paralisação da Polícia Civil. Gioia também disse que acredita, que apesar da mobilização da categoria, uma "parcela significativa" dos profissionais continuará trabalhando.

Gioia explicou que o papel dos militares durante a greve não será o mesmo que o dos policiais civis, que é principalmente de atuar na investigação de crimes. Os PMs deverão continuar o policiamento ostensivo e a segurança de prédios públicos, mas, além disso, intervir caso o acesso a unidades da Polícia Civil seja interrompido por protestos.

"Eu me preocupo com o efetivo policial e nós queremos as melhores condições de trabalho para esse efetivo, mas não podemos investir no aumento da criminalidade, na falta de sossego da população vendo isso como possibilidade de pressionar para negociar benefícios e salário para os nossos policiais", afirmou Gioia, que se colocou como intermediário entre os profissionais em greve e o governo estadual.

"Para evitar piquetes, para evitar possível solução de continuidade na prestação de serviço, que essa é a nossa preocupação, nós devemos garantir o livre acesso da população civil às nossas delegacias, às nossas unidades operacionais", afirmou Gioia.

Os policiais civis prometeram manter os 30% dos serviços obrigatórios por lei nos plantões e no Instituto de Medicina Legal (IML).

Horas após a deflagração da greve, mas antes do início da paralisação, o Governo de Pernambuco entrou no Tribunal de Justiça (TJPE) para pedir a decretação da ilegalidade da mobilização. Em nota, a gestão afirmou que considera o movimento uma "chantagem" e atribuiu cunho político-eleitoral a ele. Pouco tempo depois, o desembargador Bartolomeu Bueno decretou a ilegalidade da greve da Polícia Civil. O magistrado aplicou multa diária de R$ 100 mil caso o sindicato que representa a categoria, o Sinpol, descumprir a determinação judicial.

Paralisação

 

A assembleia que determinou pela paralisação da categoria, realizada em frente ao Palácio do Campo das Princesas após uma reunião da diretoria do sindicato que representa a categoria, o Sinpol, com o secretário de Administração, Milton Coelho, rejeitou a proposta de plano de cargos e carreiras equiparando o teto desses profissionais ao piso dos delegados. Isso representa 13% de aumento no fim da carreira.

Márcio Stefanni durante coletiva da SDS

Márcio Stefanni durante coletiva da SDSFoto: Bobby Fabisak/ JC Imagem

O secretário estadual de Planejamento e Gestão, Márcio Stefanni, afirmou que a proposta inicialmente recebida pela Secretaria de Administração (SAD) representaria um aumento de 300% nos vencimentos atuais e R$ 40 milhões mensais a mais na folha de pagamento do Estado. O secretário defendeu que atualmente os aproximadamente 220 mil servidores custam R$ 800 milhões e que os 3,5 policiais iriam representar, sozinhos,  um aumento considerado alto pela gestão.

"Todos nós sabemos que o Brasil passa por uma crise aguda na economia, Pernambuco também passa por essa crise. É impossível conceder tal aumento", frisou.

De acordo com o Sinpol, a proposta agradou, mas não foi aceita por não estabelecer prazos para a implementação do plano, da mesma forma que foi feito quando os policiais ameaçaram entrar em greve durante o Carnaval deste ano.

Stefanni continuou sem falar em prazos e afirmou que provavelmente seria no próximo ano, mas que o caso teria que ser levado à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no fim do período legislativo. O documento apresentado por Milton Coelho diz que a construção da nova grade deveria ser feita até 10 de novembro. A rejeição, porém, invalidou a proposta.

 

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