Meio ambiente

Tartarugas-marinhas começam a visitar Pernambuco para desova

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 26/09/2016 às 15:15
Leitura:

Temporada de desova das tartarugas-marinhas em todo o mundo começou em setembro / Foto: reprodução/Tamar

Temporada de desova das tartarugas-marinhas em todo o mundo começou em setembro Foto: reprodução/Tamar

Desde o começo deste mês, tartarugas-marinhas de todo o planeta deram início às longas jornadas migratórias para criar seus ninhos de desova em várias partes do mundo. Cada fêmea pode colocar entre 5 a 6 ninhos por período. Para a nossa sorte, a costa pernambucana é um dos destinos da espécie que, além de ter que conviver com as dificuldades da natureza, também sofre com os problemas ambientais causados pela ação humana.  

Acontece que o processo todo é demorado, o período de desova vai até meados de maio e a movimentação por aqui ainda não é tão intensa. "Agora em setembro as tartarugas ainda não chegaram em grande número. O período de pico é próximo ao carnaval, no início do ano", disse Adriano Artoni, chefe de núcleo de Defesa ao Meio Ambiente e Gestão Urbana (Cemag) de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), mas que também atua em municípios como Recife, Olinda e Paulista. 

Isso acontece porque é o período em que as águas ficam mais quentes e propícias para a desova. Normalmente a maior incidência da chegada dos animais é entre janeiro e março. Para encontrar o local para a desova, elas se guiam através do campo magnético da Terra, que serve como orientação. "As tartarugas-marinhas têm uma espécie de GPS que as direcionam. Elas sempre voltam ao lugar onde nasceram para realizar a desova quando adultas", explica Adriano.

Após a longa viagem, as tartarugas esperam o melhor momento para subir à praia e realizar a desova. Em média, elas colocam entre 150 a 200 ovos por ninho, mas apenas um ou dois filhotes conseguirão chegar à vida adulta. "Quando nós encontramos um ponto de desova nós começamos a fazer o monitoramento. Elas demoram entre 45 e 70 dias para saírem dos ovos, então a partir do dia 40 já ficamos monitorando essa saída", comenta Adriano. Existe ainda uma forma curiosa com que o sexo dos animais é definido: é a temperatura da areia o que vai dizer o sexo de todos os filhotes. A partir de 19°C, todas são fêmeas, enquanto que abaixo disso todos são machos.

Pernambuco recebe algumas espécies de tartarugas-marinhas, dentre elas a tartaruga-de-pente, a tartargua-verde, tartaruga-oliva e a tartaruga-cabeçuda. A presença delas serve para o balanceamento do nosso ecossistema, já que elas se alimentam de algas e crustáceos. "É muito importante manter a presença das tartarugas no nosso ecossistema. A condição delas serve como um indicador de que o ecossistema está saudável", esclarece Arley Cândido, diretor-presidente da ONG EcoAssociados.
A Tartaruga-Oliva é uma das que visitam o Estado

A Tartaruga-Oliva é uma das que visitam o EstadoFoto: reprodução/Tamar


Essa ONG tem sede em Ipojuca e há 18 anos também atua no monitoramento e preservação das espécies que visitam a costa. Este ano, há a expectativa de que seja o ano de pico da presença dos animais em Pernambuco. O problema é que a instituição não possui recursos suficientes para o monitoramento de todas as espécies. Ainda assim, no ano passado a ONG conseguiu acompanhar o desenvolvimento de 220 ninhos, em 32 km de orla observados.

Ação humana pode colocar em risco sobrevivência das espécies

Ainda que a vinda das tartarugas-marinhas sejam importantes para o nosso ecossistema e a presença delas não cause nenhum efeito negativo, elas podem não estar sendo bem tratadas por aqui. Arley explica que esses animais correm risco em todo o Brasil e que é preciso uma conscientização. "Tudo influi, desde a iluminação voltada para a praia até a diminuição do tamanho da faixa de areia. É preciso também que as pessoas pensem no meio ambiente na hora de construir empreendimentos na praia", alerta Arley.

Já que as tartarugas-marinhas são animais dóceis e fofinhos, pessoas não podem levá-las para casa se encontrarem um ninho. Quem for pego portando uma tartaruga-marinha ou um ovo sem autorização está sujeito ao pagamento de multa de R$ 5 mil. 

Portanto, ao se deparar com os novos bichinhos que virão à natureza lutar para chegar a vida adulta, é importante entrar em contato com instituições especializadas, como o CPRH e o Ibama, ou até mesmo com Adriano Artoni ou a EcoAssociados.

Confira os números para contato:
CPRH: (81) 3182-8800
Ibama: (81) 3201-3800
EcoAssociados: (81) 3552-2465
Adriano Artoni (Cemag): (81) 9 9477-8889/ 9 8600-2615

Mais lidas