Sem previsão

Obras no Rio Paratibe e Eco Parque atrasam em Paulista e população sofre

Mariana
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Publicado em 24/08/2016 às 7:30
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Orçado em R$ 28 milhões, o serviço de desassoreamento se arrasta sem previsão para ficar pronto / Foto: Mariana Dantas/NE10

Orçado em R$ 28 milhões, o serviço de desassoreamento se arrasta sem previsão para ficar pronto Foto: Mariana Dantas/NE10

"Basta chover um pouquinho mais forte pra todo mundo ficar ilhado. O pior é que a água suja entra nas casas e muita gente perde móveis, geladeira, tudo", reclama o vendedor Alexandre Ramos da Silva, 28 anos. Ele mora desde que nasceu no bairro de Arthur Lundgren I, em Paulista, bem próximo ao Rio Paratibe, e cresceu vendo a população do seu bairro sofrer com as enchetes. Em agosto de 2014, a Prefeitura de Paulista iniciou o serviço de desassoreamento do rio, que prometia resolver o problema da população. Orçada em R$ 28 milhões, a obra deveria ser concluída em um ano e entregue neste mês de agosto, mas se arrasta sem previsão de conclusão. 

Apesar de não estar parada, poucos homens trabalham no serviço, que prevê ainda a construção de duas pontes nas comunidades do Banheiro do Soldado e do Barão. A retirada da areia e dejetos do rio é feito apenas por uma escavadeira hidráulica. "Isso aqui está muito lento, é só enrolação. E agora a situação piorou com a chegada da chicungunha. Lá em casa todo mundo já teve chicungunha, é muita gente doente aqui", reclama o morador José de Souza Araújo, de 56 anos. 

Segundo o secretário de Infraestrutura de Paulista, Tiago Magalhães, a obra é financiada pelo Governo Federal, através do Ministério da Integração, e o repasse de recursos está atrasado. "A prefeitura está se esforçando para não parar a obra, mas do valor total (R$ 28.413.569,13), apenas cerca de R$ 5 milhões foram repassados pelo Governo Federal até agora", justifica o secretário. 

Moradores de Paulista sofrem com as enchentes, que invadem as casas e causam doenças -
Placa com o convênio para a obra de desassoreamento, indicando que prazo venceu em agosto deste ano -
Poucos trabalhadores são vistos na obra do Rio Paratibe -
A obra prevê ainda a construção de duas pontes -
Apenas uma escavadeira trabalha na retirada da areia e dejetos do rio -
Trecho do Rio Paratibe -
Placa da obra do Eco Parque, que está com mais de um ano de atraso -
Apenas parte da pista de cooper está pronta -
Segundo a prefeitura, todo serviço de terraplanagem foi concluído -
Não há previsão para entrega do parque -


Tiago Magalhães disse ainda que o convênio previa que os pagamentos fossem realizados em três parcelas, entre agosto de 2015 e 2016, mas com a crise econômica, a acordado não foi cumprido. "Desde o ano passado, o Governo repassava cerca de R$ 500 mil por mês, mas há três meses os repasses pararam. Acompanhei o prefeito Júnior Matuto na semana passada, durante visita ao ministro Helder Barbalho, em Brasília, que prometeu buscar uma solução e fazer um novo cronograma de desembolso", explicou, sem dar prazos para a conclusão da obra. 

Eco Parque também sem previsão para ser concluído

Carente de espaços públicos de lazer, outra obra importante que está atrasada em Paulista é a construção do Eco Parque. Localizado às margens da rodovia PE-15, em frente ao Terminal Integrado de Passageiros Pelópidas Silveira, o espaço prevê pista de cooper, playground, mirante, quiosque de informação, além de banheiros, centro administrativo e estacionamento.  Orçado em R$ 1.101.355,75, o parque deveria ter sido entregue em setembro de 2015, há quase um ano, mas ainda falta muito para ficar pronto. Apenas parte das paredes do banheiro e do centro administrativo foram levantadas e um trecho da pista de cooper iniciado. 

O motivo para o atraso apontado pela prefeitura também é o repasse de recursos do Governo Federal, desta vez por parte do Ministério do Turismo. "Até o momento foram repassados cerca de R$ 400 mil e como essa verba já realizamos o serviço estrutural de terraplanagem. Se recebêssemos o restante do valor, a obra seria concluída em três meses", afirma o secretário. 



Ferrugem ameaça alambrado do parque Ayrton Senna. Foto: Mariana Dantas/NE10

Para o serigrafista Gilvan Francisco da Silva, 58, o atraso é um desrespeito com a população. "A população de Paulista é carente de áreas de lazer e espera muito por essa obra. O único parque que temos hoje é o Ayrton Senna (na Vila Torres Galvão) e está caindo aos pedaços. Nós, moradores, precisamos fazer uma cotinha para consertar um dos brinquedos", denunciou. 

A reportagem do NE10 esteve no parque Ayrton Senna e constatou que precisa de reparos, principalmente no alambrado da quadra poliesportiva, que estão ameaçado de cair. Por meio de nota, a prefeitura de Paulista afirmou que vai enviar uma equipe da Diretoria de Obras para avaliar os problemas apontados pelos moradores. "Os profissionais vão ficar encarregados de resolver os casos de menor complexidade durante a visita. Na questão do alambrado da quadra, será necessário fazer um orçamento inicial para poder executar o serviço posteriormente", traz a nota.   


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