Poluição do ar

Monitoramento da poluição atmosférica no Grande Recife é deficiente

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 18/08/2016 às 18:22 | Atualizado em 13/08/2020 às 16:36
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A falta de monitoramento da qualidade do ar no Grande Recife torna os níveis de poluição uma incógnita / Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem

A falta de monitoramento da qualidade do ar no Grande Recife torna os níveis de poluição uma incógnita Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem

Na semana em que é comemorado o Dia Nacional de Combate à Poluição, o NE10 chega à conclusão que a qualidade do ar que respiramos na Região Metropolitana do Recife (RMR) é um mistério. A falta de um monitoramento contínuo faz com que informações acerca do tema sejam desconhecidas, acendendo um alerta sobre em que nível pode estar a poluição atmosférica da região.

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A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) alega que, no caso das cidades que conquistaram o direito sobre o licenciamento ambiental, como aconteceu com a capital pernambucana em 2009, tal monitoramento deve ser feito por meio de projetos da gestão municipal. Já a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife explica que não faz o monitoramento da qualidade do ar na capital pernambucana, apenas dos níveis de poluentes emitidos pelas empresas/indústrias licenciadas na cidade.

Os níveis de poluentes emitidos pelo Complexo de Suape são monitorados pela CPRH

Os níveis de poluentes emitidos pelo Complexo de Suape são monitorados pela CPRHFoto: Hélia Scheppa/Acervo JC Imagem

Atualmente, a Agência Estadual de Meio Ambiente monitora apenas a qualidade do ar do Complexo Industrial de Suape, entre os município do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, na RMR. As análises na região começaram em 2013 e avaliam a emissão dos principais poluentes existentes na região, como Dióxido de Enxofre. Segundo a CPRH,  “esse sistema permite que a agência intervenha o mais rápido possível na área, caso os padrões da qualidade do ar ultrapassem os limites estabelecidos na legislação em vigor.”

A iniciativa foi financiada por meio de um convênio entre a Refinaria Abreu e Lima e a própria CPRH. No local está instalado um equipamento que custou R$ 2,6 milhões e atua mapeando os índices de emissão de gases na região do complexo. Em Suape existem mais de 70 indústrias que lançam gases de efeito estufa na atmosfera.

Monitoramento dos gases do efeito estufa pode virar realidade no Recife

Além da poluição atmosférica, a CPRH prevê que em outubro deste ano serão divulgados os resultados de um monitoramento feito por meio do projeto Carbocount City, que avalia a emissão dos gases que influenciam no efeito estufa. O trabalho é uma parceria entre a agência, a Prefeitura do Recife e o Laboratoire dês Sciences Du Climat & de L’Environnement. Os dados a serem apresentados envolvem parâmetro de emissão do dióxido de carbono e outros parâmetros como metano e monóxido de carbono. 

Os estudos aconteceram entre os meses de março e outubro de 2015, através de duas estações de monitoramento localizadas no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e na fábrica do Lafepe, bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte. A localização das estações se deu em virtude da posição dos ventos predominantes na região do estudo.

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Para a execução deste projeto foram destinados recursos provenientes das duas partes cooperadas, totalizando um valor de 280 mil euros, sendo 140 mil da CPRH e 140 mil do laboratório francês, que é uma unidade de pesquisa da França associada ao  Comissariat Français à l’Energie Atomique et aux Energies Alternatives (CEA), University of Versailles Saint-Quentin (UVSQ) e o Centre National de La Recherche Scientifique (CNRS).

Segundo a CPRH, “devido ao bom trabalho desenvolvido com a primeira etapa do Carbocount City”, a Agência Estadual de Meio Ambiente está fechando uma proposta para a segunda fase do projeto que será submetida ao Green Climate Fund GSF, fundo destinado para financiar projetos envolvendo temas relacionados às mudanças climáticas.

Nesta nova fase do Carbocount City, deverão ser instaladas, no mínimo, sete estações de monitoramento da qualidade do ar, atualização do inventário de emissões da Região Metropolitana do Recife e a elaboração do Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas.

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