Tradição

Fogueira de São João: preço, como montar e origem da madeira

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 21/06/2016 às 17:56
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Tradição de acender a fogueira de São João deve respeitar dicas de segurança e orientações da CPRH / Foto: Fernando da Hora/JC Imagem

Tradição de acender a fogueira de São João deve respeitar dicas de segurança e orientações da CPRH Foto: Fernando da Hora/JC Imagem

Uma das principais tradições das festas juninas do Nordeste é acender a fogueira, em especial no Dia de São João. Mas acidentes podem acontecer se a montagem e o acendimento não forem feitos da maneira adequada. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Pernambuco, algumas medidas podem evitar que a festa acabe mais cedo.

Entre as principais recomendações está não montar uma fogueira próximo a locais com fiações, como linhas de transmissão elétrica ou de iluminação pública. O calor das chamas pode fazer fios elétricos partirem e causar situações de risco de eletrocussão, por exemplo.

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No final dos festejos, os donos das fogueiras devem jogar água e recolher os restos de madeira queimada para evitar acidentes com as brasas - Alexandre Belém/ Acervo/ JC Imagem
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As pessoas não devem mexer na fogueira após atear fogo na madeira, pois pode haver desmoronamento da estrutura - Alexandre Severo/ Acervo/JC Imagem
Edmar Melo/ Acervo/ JC Imagem
Crianças só devem brincar próximo às fogueiras se estiverem sob a orientação de adultos - Edmar Melo/ Acervo/ JC Imagem
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Em Caruaru é montada a fogueira mais alta da região, mas o ideal é que o monte de madeira não ultrapasse 1,5 metro de altura - JC Imagem
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Tradição, as fogueiras são as estrelas da noite de véspera de São João no Nordeste - Rodrigo Lobo/ Acervo / JC Imagem


Outra orientação é de que as pessoas respeitam uma altura máxima para a estrutura de madeira. "O ideal seria de que a fogueira não passasse de 1,5 metro. As vezes, vizinhos disputam quem faz a maior fogueira e isso pode acabar gerando um acidente, como o desmoronamento das estacas. Quanto mais alta a fogueira, pior o acidente", pontuou o major Aldo Silva, assessor de comunicação social do Corpo de Bombeiros do Estado.

Bombeiros orientam que no final da festa a fogueira seja apagada com água e os restos de cinzas e brasas recolhidos para evitar acidente com crianças no dia seguinte
Além das questões envolvendo a montagem da fogueira, o momento de acender também pode ser altamente perigoso. "As pessoas tendem a usar líquidos inflamáveis (gasolina, álcool, querosene, óleo diesel) que podem causar acidentes graves e queimaduras. Em geral, nessa época do ano, a madeira está um pouco úmida por causa das chuvas e as pessoas acabam sem saber se o que está molhado na madeira é água da chuva ou um líquido inflamável que ela tenha usado para acender a fogueira", comentou o major Aldo Silva.

O correto, segundo as orientações do Corpo de Bombeiros é usar chumaços - do tamanho de duas mãos fechadas juntas - de papel ou estopa embebidos em óleo de cozinha. Esse material precisa ser depositado entre as madeiras do topo da fogueira, onde o fogo deve começar a queimar a madeira. A orientação é não colocar na parte inferior da estrutura porque as chamas tornam as madeiras mais frágeis e o peso do topo pode causar o desmoronamento da fogueira.

Vendedores dizem que as vendas estão fracas, mas esperam que na véspera de São João procura aumente

Vendedores dizem que as vendas estão fracas, mas esperam que na véspera de São João procura aumenteFoto: Fernando da Hora/JC Imagem

PREÇOS - Nas ruas e avenidas do Grande Recife, diversas pessoas estão empilhando gravetos e vendendo as tradicionais fogueiras que, a depender do tamanho, têm preços que variam entre R$ 30 e R$ 50. O valor é o mesmo do ano passado e, segundo os vendedores, a procura pela madeira só deve aumenta na quinta-feira (23), véspera de São João, mas, por enquanto, as vendas ainda estão fracas. Entre os locais onde é possível encontrar fogueiras à venda estão: rodovia PE-15, próximo à Cidade Tabajara; Avenida Chico Science, em Olinda; Avenida Agamenon Magalhães, nas proximidades do cruzamento com a Rua Odorico Mendes; no bairro do Arruda, às margens do canal da localidade, entre outros.

FISCALIZAÇÃO - Apesar da tradição de queimar a madeira, alguns cuidados devem ser tomados com relação à procedência do material usado na montagem da fogueira. Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) vem mantendo ações de fiscalização regulares para evitar que sejam comercializados troncos provenientes de árvores nativas e protegidas por lei. em todo o ano, que sofrem um aumento natural no período junino.

 

Nos últimos 12 meses, por exemplo, 87 pessoas foram autuadas pelo comércio de madeira ilegal em Pernambuco. O material apreendido daria para formar uma fila em linha reta de 150 quilômetros de estacas. Não são consideradas madeiras ilegais aquelas que não são de árvores nativas ou provenientes de podas realizadas pelas prefeituras e pela Celpe.

Segundo a CPRH, é crime comercializar - vender ou comprar - madeiras sem a certificação que comprove a origem legal. A multa é de R$ 300 por metro-cúbico comercializado e o infrator corre o risco de pegar até um ano de reclusão.

TRADIÇÃO - As fogueiras fazem parte da tradição pagã como forma de comemorar o solstício de verão. As fogueiras também seriam uma forma das primas Maria e Isabel se comunicarem. Segundo a lenda, Isabel avisou Maria sobre o nascimento de São João Batista, no dia 24 de junho, acendendo uma fogueira no topo de uma montanha. Ao avistar o fogo, a mãe de Jesus daria apoio à prima Isabel após o parto.

SAÚDE DOS OLHOS - A fumaça das fogueiras requer atenção para a saúde. Além de problemas relacionados à alergia, a população ainda pode sofrer com irritação nos olhos. A incidência de problemas na visão aumenta em cerca de 30% nesta época juninas. As queimaduras oculares, por exemplo, chegam a aumentar 10%, variando desde queimaduras e traumatismos, até danos permanentes à visão. A córnea e a pálpebra são os locais mais acometidos.

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