Descaso

Circuito da Poesia: o descaso da cultura recifense

Ingrid Cordeiro
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Publicado em 19/06/2016 às 10:40
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Estátua de Ascenso Ferreira, importante poeta modernista, observa o Rio Capibaribe enquanto o monumento sofre com a ação dos vândalos / Foto: Ingrid Cordeiro / NE10

Estátua de Ascenso Ferreira, importante poeta modernista, observa o Rio Capibaribe enquanto o monumento sofre com a ação dos vândalos Foto: Ingrid Cordeiro / NE10

“Recife, teu céu tão bonito. Tem noites de lua pra gente cantar.” Em ‘Recife, cidade lendária’, o mestre Capiba, assim como os 12 poetas que compõem o circuito de estátuas no Recife, declara o seu amor pela Veneza brasileira. A relação da cidade com cada personalidade foi intensa o suficiente para que cada um fosse eternizado. Uma pena mesmo é o péssimo estado de conservação dos monumentos que mostra o desprezo da cidade com a própria cultura.

O Circuito da Poesia  é frequentemente visitado por turistas e recifenses todos os dias no coração da cidade. Rua da Aurora, Bom Jesus, Ponte Maurício de Nassau e Praça Maciel Pinheiro são só alguns pontos do circuito onde poetas como Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira e Clarice Lispector dão o ar da graça.

O problema é que, quando se deparam com eles, as informações nas placas simplesmente não existem mais, com exceção da estátua de Mario Mota, localizada na Praça do Sebo próximo à Avenida Guararapes. No local, uma folha colada no lugar da placa pelo Mangue Cultural informa os visitantes sobre o poeta.

Entre as estátuas em pior estado, a de Ascenso Ferreira, figura pertencente a primeira geração do modernismo, foi pichada por vândalos. Ao se deparar com o monumento, a reportagem ouviu Leda, advogada e turista catarinense, que não sabia quem era a figura representada em frente ao Paço Alfândega. “É muito triste se deparar com isso, pois é uma falta de respeito com as pessoas ilustres da cidade”, disse a turista.

De acordo com a Empresa Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), em 2015 foram investidos R$ 115 mil no processo de restauração do circuito. Ainda segundo a empresa, uma nova restauração está planejada para o segundo semestre deste ano. O órgão acrescenta que investe anualmente cerca de R$ 2 milhões com reparos nos monumentos que são alvo dos vândalos.

IMPORTÂNCIA CULTURAL- A estátua de cada poeta que figura nos bairros do Centro do Recife são de grande importância para a continuação da poesia no encantamento do povo recifense. Segundo o professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lourival Holanda, a poesia é um “antídoto para o tédio” e tem sua importância como parte da cultura de um lugar. “A poesia é a cultura que permite ver além do imediato. Um verso de Bandeira exige mais do leito, por exemplo, pois a prosa é como alguém que anda e a poesia é um passo de dança”, filosofa o professor.

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Na Rua do Bom Jesus, Antônio Maria convida para uma conversa. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Chico Science saúda os que visitam a Rua da Moeda. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Sentado em cima de livros, o poeta Ascenso Ferreira observa o Capibaribe. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Ascenso Ferreira, pichado, observa o Recife e as suas pontes. - Ingrid Cordeiro / NE10
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O poeta Joaquim Cardozo observa o Recife da ponte Maurício de Nassau. - Ingrid Cordeiro / NE10
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O olhar atento do poeta Joaquim Cardozo aos que passam pela ponte Maurício de Nassau. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Carlos Pena Filho observa a movimentação na Praça da Independência. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Mauro Mota lê um de seus poemas na Praça do Sebo. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Capiba saúda os que por ele passam na Rua do Sol. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Solano Trindade, pintor e folclorista, dá o ar da graça no Pátio de São Pedro. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Luiz Gonzaga abre o seu sorriso característico, em companhia da sanfona, em frente a Estação Central do Recife. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Clarice Lispector segura sua inseparável máquina de escrever, enquanto observa a movimentação na Praça Maciel Pinheiro. - Ingrid Cordeiro / NE10
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João Cabral de Melo Neto observa o Rio Capibaribe e convida todos a sentarem com ele próximo a ponte Princesa Izabel, na Rua da Aurora. - Ingrid Cordeiro / NE10
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Manoel Bandeira observa o Rio Capibaribe da Rua da Aurora. A estátua fica em frente a Assembleia Legislativa. - Ingrid Cordeiro / NE10

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