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Cega por causa da diabetes, ex-professora denuncia falta de insulina em Pernambuco

Pedro Alves
Pedro Alves
Publicado em 15/06/2016 às 10:15
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Deficiente visual, a ex-professora Alexandra Melo, de 37 anos, é uma das pessoas com diabetes que recorrem ao fornecimento estadual da medicação / Foto: Acervo

Deficiente visual, a ex-professora Alexandra Melo, de 37 anos, é uma das pessoas com diabetes que recorrem ao fornecimento estadual da medicação Foto: Acervo

Pessoas que têm diabetes sabem que, desde a descoberta, alguns cuidados de rotina devem ser tomados para controlar o nível de glicose no sangue e, consequentemente, minimizar os efeitos da doença que, segundo a Organização Mundial de Saúde, já mata 1,5 milhão de pessoas todo ano. Em Pernambuco, pacientes têm sofrido constantemente com a falta das insulinas de longa duração Lantuts e Pidra, essenciais para o controle da diabetes Tipo 1.

Deficiente visual, a ex-professora Alexandra Ferreira de Melo, de 37 anos, é uma das pessoas com diabetes que recorrem ao fornecimento estadual da medicação. Há cerca de quatro anos, ela perdeu a visão por causa da diabetes tipo 1, que descobriu ser portadora desde os oito. “Sou cadastrada há anos e essa não é a primeira vez que isso acontece. Ultimamente tem chegado num mês e faltado em outros três”, conta.

Além das insulinas corretivas, Alexandra denunciou que também faltam outros insumos utilizados para o controle do diabetes, como lancetas e fitas para o teste de glicemia. “Eu tomo a insulina Lantus uma vez por dia e três doses da Pidra”, explica.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que a insulina glulisina (nome comercial Apidra) está em processo de compra e a expectativa é que o reabastecimento ocorra em 30 dias. O comunicado também afirma que a Farmácia de Pernambuco conta com estoque de lancetas e que a entrega das fitas e agulhas devem estar regularizadas até o fim do mês. 

PROBLEMA RECORRENTE - Em fevereiro deste ano, uma família de Caruaru, no Agreste do estado, denunciou a morte de um paciente, alegando que a causa do óbito foi a falta da insulina Lantus. Gláucia Galindo, irmã de Claudemir Galindo, conta que o estado do irmão foi se agravando até que, em uma crise, ele faleceu. "Uma dose do medicamento por semana totaliza uma despesa mensal de R$ 500, que não tínhamos condições de custear", denunciou.

Em abril, mais uma leva de pacientes denunciaram a falta de medicamentos e insumos para o tratamento de diabetes. Além disso, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já recebeu diversas denúncias e possui um inquérito, desde 2012, que investiga o problema.

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