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No Recife, CUT diz que eventual governo Temer vai tirar direitos do trabalhador

Emilayne Mayara dos Santos
Emilayne Mayara dos Santos
Publicado em 01/05/2016 às 15:57
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Sob chuva, manifestantes participam de ato pelo Dia do Trabalho e contra o impeachment nas ruas do Recife / Foto:  Sumaia Villela/Agência Brasil

Sob chuva, manifestantes participam de ato pelo Dia do Trabalho e contra o impeachment nas ruas do Recife Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff uniram o protesto contra o que chamam de golpe a reivindicações pela manutenção de direitos trabalhistas e outras conquistas sociais em ato realizado neste domingo (1º), no Recife.

Debaixo de chuva, os manifestantes saíram em caminhada da Praça do Derby, onde está montado um acampamento contra o impeachment, até o Marco Zero, no Recife Antigo. Nas placas e nos discursos dos militantes, os vice-presidente Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), eram chamados de golpistas.

Os movimentos sociais temem que direitos conquistados nos governos de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sejam retirados em um eventual governo de Temer e defendem uma greve geral no país para barrar o processo de afastamento da presidenta, que tramita no Senado Federal.

“Com a implantação da ponte para o futuro que Temer promete, ele vai privatizar bancos públicos, extinguir a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], que é um órgão importante de organização da produção da agricultura familiar; vai acabar com programas sociais. Não tenho dúvida que ele vai sancionar o projeto de lei da terceirização, que acaba com férias, 13º, FGTS [Fundo de Garantia pelo Tempo do Serviço], concurso público. Não é à toa que ele vai simplificar leis trabalhistas", criticou o presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras.  "É para facilitar para o trabalhador? Não é, é para retirar direitos. São 55 projetos que flexibilizam direitos, além do projeto maior que facilita terceirização na atividade fim”, acrescentou.

GREVE

Veras e outros sindicalistas defendem a greve com instrumento para pressionar contra o impeachment. Segundo ele, uma paralisação nacional foi convocada para o dia 10 de maio. “Seja uma hora, duas, o dia inteiro, mas vamos parar e começar a organizar uma greve geral no país, não vamos aceitar um golpe aos diretos trabalhistas. E independente do resultado no Senado vamos continuar lutando”.

Aníbal Miguel Lima Seixas, da direção do Sindicato da Borracha de Pernambuco (Sindiborracha), disse que concorda com uma eventual greve, mas que vai consultar a categoria. “Vamos encaminhar [a paralisação], comitês estão sendo montados. A classe trabalhadora tem que ter consciência do que está em jogo. Sendo honesto eu acho que ainda não [tem base para parar]. Agora é papel de cada entidade sindical mobilizar e mostrar o que está em jogo. Se não houver contrapartida da classe operária o maior perdedor é ela”.

A diretora-geral do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Pernambuco, Luíza Batista, disse que o grupo aderiu ao ato deste domingo para defender direitos recentes conquistados pela categoria, como FGTS e seguro-desemprego. “Temer apresenta uma ponte para o futuro. Futuro de quem? Só se for dos empresários, porque pra gente é um retrocesso. Estão retirando direitos de outros trabalhadores, e os nossos que foram conquistados com muita luta também estão ameaçados”.

A manifestação no Recife foi organizada pela Frente Brasil Popular, que reúne dezenas de movimentos sociais e partidos. Depois da caminhada, os participantes se reuniram no Recife Antigo para um ato político-cultural, com apresentações de maracatu e afoxé.

PRÓ-IMPEACHMENT

Também neste domingo movimentos favoráveis ao impeachment de Dilma protestaram em Caruaru, município pernambucano. Os manifestantes levaram placas com fotos e nomes dos senadores contrários e indecisos em relação ao afastamento da presidenta para pedir que a população pressione os parlamentares em favor do processo.

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