Fernando de Noronha

Radiação torna mosquito Aedes Aegypti estéril e pode conter a proliferação da espécie

Emilayne Santos
Emilayne Santos
Publicado em 22/02/2016 às 18:01
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 / Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Várias pesquisas estão sendo desenvolvidas na busca da erradicação do Aedes aegypti, transmissor da dengue, chicugunha e zika. Uma delas, conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Pernambuco) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no Arquipélago de Fernando de Noronha tem o objetivo de erradicar o mosquito por meio da física nuclear. O local foi escolhido por causa das características geográficas de isolamento que favorecem o estudo, podendo ter avaliações em curto prazo. Os mosquitos são depositados no insetário da Fiocruz e, e antes da fase adulta, são esterilizados no irradiador, cuja fonte radioativa é o Cobalto 60.

A Vila da Praia da Conceição foi o local escolhido para receber o teste de controle da pesquisa. Mosquitos macho, esterilizados com radiação gama, estão sendo liberados no arquipélago para competir com os selvagens no acasalamento. Ao vencerem essa disputa, eles passam espermatozóides inviáveis, que são utilizados pelas fêmeas durante todo o seu processo de postura dos ovos, sem gerar novas larvas do inseto. O uso da energia nuclear torna os mosquitos macho estéreis, funcionando como uma técnica de combate à proliferação do Aedes Aegypti.

A professora e pesquisadora do Departamento de Energia Nuclear da UFPE Edvane Borges explica como o experimento foi realizado, anteriormente, no insetário do Departamento de Entomologia da Fiocruz PE, onde, inicialmente, foram colocados numa mesma área apenas fêmeas selvagens e machos irradiados, tanto para observar se os machos mantiveram suas qualidades competitivas como para determinar a quantidade de mosquitos a ser liberada no ambiente. Foi constatado que 70% dos ovos depositados pela fêmea ficaram inviáveis. 

A etapa inicial está centrada na liberação dos mosquitos em quatro pontos da Vila da Praia da Conceição. De dezembro até a primeira quinzena de fevereiro foram feitas nove liberações, cada uma com três mil machos estéreis. Segundo Edvane, a partir de abril será possível confirmar se os resultados do laboratório se repetem em campo.

A pesquisadora do Departamento de Energia Nuclear da UFPE afirma ainda que a técnica não traz nenhum prejuízo à população por dois aspectos: os insetos que são irradiados são da própria localidade, por isso não há alterações nas suas características. Com relação à exposição à radiação, não há riscos de contaminação nuclear, pois os vetores irradiados não ficam radioativos. A fonte de CO-60 é selada e os Aedes são expostos apenas aos raios gama emitidos pela fonte, não entrando em contato direto com o cobalto. 

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