Crise

Faltam água mineral e papel ofício nas delegacias, denunciam policiais

Benira Maia
Benira Maia
Publicado em 19/05/2015 às 17:45
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A paralisação atingiu todos os serviços das delegacias, com exceção das ocorrências de flagrantes / Foto: Mariana Dantas/NE10

A paralisação atingiu todos os serviços das delegacias, com exceção das ocorrências de flagrantes Foto: Mariana Dantas/NE10

Carência de efetivo, baixos salários e falta de estrutura para trabalhar. Essas são as principais queixas dos policiais civis de Pernambuco que promoveram, nesta terça-feira (19), paralisação de advertência de 24 horas que atinge todas as delegacias do Estado e o Instituto de Medicina Legal (IML).

A situação da segurança em Pernambuco será o tema do segundo Cidade Viva deste ano: A segurança precisa de um novo pacto? O programa em vídeo, transmitido ao vivo no NE10, irá debater o assunto nesta quarta-feira (20), ao vivo, das 15h30 às 16h30.

Quem participa do Cidade Viva é o secretário de Defesa Social do Estado, Alessandro Carvalho. No estúdio, também estarão os jornalistas Felipe Vieira e Gilvan Oliveira, do Jornal do Commercio, e Wagner Gomes, da Rádio Jornal. A pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Ronidalva Melo, especialista em defesa social e segurança pública, também participa do debate. O programa será apresentado pela editora do NE10 Inês Calado.

A participação dos internautas é o grande diferencial do projeto. Comentários, perguntas e sugestões podem ser enviadas através do Twitter e Facebook do Portal NE10, utilizando a hashtag #CidadeViva, e no próprio canal do Cidade Viva.

"A polícia está falida. Desde o início do ano, são os próprios policiais que fazem cota para comprar água mineral. Na unidade onde trabalho, chegou a faltar papel ofício para imprimir os inquéritos", denuncia ao NE10 um agente que preferiu não se identificar.

O vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Rafael Cavalcanti, confirmou a falta de materiais básicos nas unidades e disse ainda que a situação é pior no Interior do Estado. Segundo ele, delegacias do Sertão estão fechadas por falta de efetivo. Já na Zona da Mata, existem unidades com apenas um agente e, por isso, não funcionam nos turnos da noite, como nas cidades de Camutanga, Ferreiros e Condado.

No IML, corpos só serão liberados nesta quarta

No IML, corpos só serão liberados nesta quartaFoto: Mariana Dantas/NE10

"Essas unidades correm risco de serem invadidas à noite, já que armazenam inquéritos, armas e drogas apreendidas nas ações policiais. A deficiência de efetivo chega a 40%. E a situação só não é pior no Grande Recife porque o Governo quer 'tapar o buraco' por meio do PJES (Programa de Jornada Extra de Segurança). O valor pago pela jornada extra é muito baixo e o policial, para aumentar um pouco a renda, acaba aceitando", afirma Rafael.

No início da tarde desta terça, a reportagem do NE10 esteve no IML, em Santo Amaro, na delegacia de plantão do mesmo bairro e no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais, em Afogados, onde funcionam as unidades de Repressão ao Estelionato e de Roubos e Furtos. O clima nas delegacias era tranquilo. Apenas as ocorrências de flagrantes foram mantidas. Para as pessoas que procuraram as unidades para solicitar outro tipo de serviço, os policiais entregaram uma carta à população, esclarecendo os objetivos do movimento.

No IML, a paralisação não permitiu a liberação dos corpos. "É difícil para, nós, familiares, que já estamos sofrendo, ter que aguardar um dia para receber o corpo do ente querido. Mas, mesmo assim, entendo a luta da polícia", disse uma senhora que preferiu não se identificar. Ela perdeu um sobrinho de 20 anos na madrugada dessa terça, vítima de homicídio. O crime ocorreu no bairro do Ipsep, Zona Sul do Recife. Até as 18h desta terça-feira, havia 23 corpos retidos no IML.

O clima nas delegacias foi tranquilo

O clima nas delegacias foi tranquiloFoto: Mariana Dantas/NE10

Entre as reivindicações dos policiais, estão melhorias salariais e de gratificação, alteração no plano de cargos, carreiras e vencimentos, inclusão dos peritos papiloscopistas no quadro técnico da polícia e reposição inflacionária para o ano base 2015.

Na próxima quinta-feira (21), representantes do Sinpol se reunirão  com o secretário de Administração de Pernambuco, Milton Coelho, para uma mesa de negociação. "Vamos ouvir o Governo e promover uma nova assembleia no início de junho, onde vamos votar os rumos do movimento", disse Rafael Cavalcanti.

Em nota, a SDS lamentou os "transtornos" provocados com a paralisação e informou que o Governo do Estado realizou três reuniões com a categoria. Duas novas reuniões, segundo a pasta, foram marcadas desde a semana passada, para os dias 18 e 21 deste mês. O sindicato teria dito que não poderia comparecer à dessa segunda (18).

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