Não queremos atrapalhar moradores; nosso problema é o prefeito, diz integrante do Ocupe Estelita

Acampados desde a noite dessa quinta-feira (7) em frente à casa do prefeito Geraldo Julio, no bairro da Torre, os manifestantes do movimento Ocupe Estelita afirmam que não têm previsão para deixar o local. O grupo decidiu se instalar na calçada do edifício para pressionar o executivo municipal, após a aprovação na Câmara de Vereadores e sanção de Geraldo do plano urbanístico do Cais José Estelita, no bairro de Santo Antônio, que permite a construção do Projeto Novo Recife, que prevê 13 torres na área.

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"A gente não quer atrapalhar a vida dos moradores. O nosso problema é com o prefeito Geraldo Julio, que não nos deu nenhuma outra opção porque se recusou a dialogar com a sociedade. As audiências públicas que realizou foram apenas com o objetivo de fingir que promoveu um debate, mas ele ignorou a população", afirma o cineasta e integrante do Ocupe Estelita Ernesto de Carvalho, um dos que passaram a noite no local. Segundo ele, a madrugada foi tranquila e, por volta das 2h até o amanhecer, cerca de 100 pessoas permaneceram acampadas.  Para a Polícia Militar, a caminhada da Praça do Derby até a casa do prefeito, no fim da tarde dessa quinta, contou com a participação de mil pessoas. Representantes do movimento afiram que foram mais de três mil.

Ernesto de Carvalho disse ainda que muitos moradores da rua apóiam a manifestação. "Algumas pessoas do prédio do prefeito desceram para doar garrafões de água, comida e dois sacos de dormir", disse. As barracas dos manifestantes estão montadas no gramado que faz parte da calçada do prédio, que fica na Rua Neto Campelo. Um toldo para acomodar mantimentos e água também foi montado ao lado das barracas. Na calçada que fica do outro lado da rua, alguns manifestantes passaram a manhã em colchonetes para fugir do sol e do calor. Um chuveiro com torneira foi adaptado para quem quiser tomar banho, na própria calçada.

Já a rua está livre para o tráfego. Até as 9h da manhã, os manifestantes seguravam uma faixa de protesto na entrada da via e, com a proximidade dos carros, eles liberavam a passagem aos poucos. Após conversar com moradores da área, o grupo decidiu prender a faixa em um poste, em uma altura que permitisse o tráfego dos carros. Porém, antes do horário, na incerteza se o trânsito seria realmente liberado, a clínica Ciclo Fisioterapia, que funciona na rua, decidiu cancelar 50 atendimentos previstos para esta manhã. "Alguns pacientes ligaram para cancelar a sessão, antes mesmo de entrarmos em contato. Eles ficaram apreensivos de entrar na rua. Como os manifestantes prometeram que o trânsito ficará livre, vamos manter os pacientes da tarde", disse a atendente da clínica, Natália Cristina.


O assistente social Glávio José de Farias, 40 anos, que mora em uma rua próxima à casa do prefeito, foi até o local nesta manhã para doar garrafas de água mineral para os manifestantes. "Eu apoio esta luta. Essa juventude está aqui porque é carente de espaços de lazer e de convívio na cidade. Não queremos mais prédios”, disse. Já a manicure Necy Baracho, 55, é contra a ocupação. "Aquela área do Novo Recife estava abandonada. Ninguém pode passar lá porque é assaltado. O projeto é bom para a cidade porque trará segurança, emprego e beleza para o local", afirma. 
  
PREFEITO - De acordo com a assessoria da Prefeitura do Recife, Geraldo Julio saiu de casa cedo nesta manhã para trabalhar e segue sua agenda normal. O portão de entrada e saída de veículos do prédio fica na rua Davino Pontual, por trás do edifício, e não foi ocupada pelos manifestantes. O prefeito ainda não se pronunciou sobre a ocupação em frente à sua residência.

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