Animal marinho

Especialistas discordam sobre ataque a surfista em praia de Olinda

Inês Calado
Inês Calado
Publicado em 31/03/2015 às 20:38 | Atualizado em 17/08/2020 às 15:47
Leitura:
Local do acidente com surfista possui placa de alerta sobre risco de ataque de tubarão / Foto: Fernando da Hora/JC Imagem

Local do acidente com surfista possui placa de alerta sobre risco de ataque de tubarão Foto: Fernando da Hora/JC Imagem



O acidente envolvendo o jovem Diego Gomes Mota, 23 anos, na Praia Del Chifre, em Olinda, no Grande Recife, tornou-se motivo de discordância entre especialistas em ataques de animais marinhos. Com uma lesão na coxa esquerda, após uma mordida, estudiosos não confirmam que o "agressor" tenha sido um tubarão.

Avaliações do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), da equipe médica do Hospital Miguel Arraes, onde a vítima foi atendida, e do Corpo de Bombeiros, que socorreu o rapaz, apontam que o ataque sofrido pelo jovem Diego Mota não teria sido causado por um tubarão. O quarto laudo, do Instituto de Medicina Legal (IML), ainda não foi divulgado. Entretanto, essa dúvida levanta a questão sobre qual animal marinho seria responsável pela lesão do surfista. De acordo com o engenheiro de pesca Fábio Hazin, no litoral pernambucano apenas dois animais poderiam ser responsáveis pelo ataque: tubarão ou barracuda (grande peixe comum no litoral brasileiro).

Barracuda é um peixe agressivo e comum no litoral do Nordeste; animal pode chegar a três metros de comprimento

Barracuda é um peixe agressivo e comum no litoral do Nordeste; animal pode chegar a três metros de comprimentoFoto: How To Catch any Fish

Para o estudioso, apenas essas duas hipóteses seriam aceitáveis, embora considere uma delas improvável. "Há registros na literatura de ataque de barracuda, mas se for confirmado que foi mesmo este peixe seria, talvez, o primeiro registro aqui no Estado", avaliou Fábio Hazin. Ao analisar as imagens da lesão na perna da vítima, o especialista em Ciências Marinhas disse que não é possível descartar um ataque de tubarão ou barracuda. Ainda segundo ele, a partir de relatos dos amigos do surfista, que teriam visto uma barbatana no momento do ataque, ele decreta: "Barracuda não tem barbatana."

Comuns no litoral do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, as barracudas são encontradas em alto-mar e em áreas costeiras, nas proximidades de portos, recifes de corais e em lugares com grande concentração de pequenos peixes. O peixe pode chegar a três metros de comprimento e atingir 50 quilos. Com esse tamanho e grandes dentes, é considerada uma espécie agressiva, que ataca qualquer coisa em movimento.

Por causa da "fama" de ataques de tubarão no litoral da Região Metropolitana do Recife, há, inicialmente, a ideia de que qualquer agressão seja mais uma para as estatísticas, que já contam com 59 ataques, com 24 mortes registradas e 35 feridos. Entretanto, o Corpo de Bombeiros acredita que, desta vez, este não seja o caso. "É uma lesão de 20 cm, sem as características de ataque de tubarão, seja ele filhote ou adulto, por isso, três avaliações apontam que o caso de Diego Mota seja resultado da mordida de outro animal que ainda não dá para precisarl", explicou o major Edson Marconni.

Diego passa bem mas não tem previsão de alta médica

Diego passa bem mas não tem previsão de alta médicaFoto: Diego Nigro/JC Imagem

BOLETIM MÉDICO - Na noite desta terça-feira (31), o Hospital Miguel Arraes, em Paulista, no Grande Recife, divulgou um boletim médico informando o estado de saúde da vítima: "Informamos que o paciente Diego Gomes Mota, de 23 anos, foi submetido à cirurgia para tratar a lesão muscular provocada pela mordida de um animal marinho no final da manhã de hoje (31), em Olinda. O paciente entrou no bloco às 15h20 e a cirurgia foi encerrada às 17h45. Diego ainda encontra-se no repouso, aguardando alta da anestesia. Ainda esta noite será transferido para a enfermaria, no 5º andar do Hospital Miguel Arraes. O paciente está consciente e seu estado de saúde é considerado muito bom, entretanto, ainda não há previsão de alta."

Mais lidas