Briga

Em dia de visita, presos fazem novo tumulto no Complexo Prisional do Curado

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 01/02/2015 às 17:34
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Confusão ocorreu após horário de visita / Foto: Hesíodo Goes/JC Imagem

Confusão ocorreu após horário de visita Foto: Hesíodo Goes/JC Imagem

Uma nova confusão foi registrada no final da tarde deste domingo (1º), após horário de visitas, no Complexo Prisional do Curado, Zona Oeste do Recife. Detentos do pavilhão I e P do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB) entraram em confronto. O Batalhão de Choque foi acionado. 

De acordo com o presidente interino do Sindicato dos Agentes Penitenciários, nove detentos foram feridos a faca nesta tarde. "Os presos fazem isso porque querem mais regalias. Temos informação de que estão querendo direito a pernoite. O Estado tem que manter a ordem, mas vai dando crédito e eles fazem o que querem", afirma.

Após o tumulto desta tarde um grupo de aproximadamente 100 pessoas, a maioria mulheres, se reuniu em frente ao PJJALB para protestar por mais informações sobre a situação dentro das unidades.

A visita de familiares aos presos foi retomada nornalmente neste domingo no complexo, um dia após tumulto que deixou quatro feridos e um morto  na manhã desse sábado (31). Ainda na tarde do sábado outra briga entre presos deixou um deles ferido a faca.

O secretário-executivo de Ressocialização de Pernambuco (Seres), Éden Vespaziano, esteve no complexo no início desta manhã para acompanhar a movimentação nas unidades. Segundo ele, o número de agentes penitenciários foi reforçado neste domingo, passando de 19 para 39 - para evitar qualquer transtorno durante as visitas.


Foto: Edmar Melo/JC Imagem | Arte: NE10

SISTEMA EM CRISE - Nos primeiros dias de janeiro, o novo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, enfrentou a primeira crise no caótico sistema prisional do Estado. Em apenas quatro meses e uma semana como secretário de ressocialização, Humberto Inojosa renunciou ao cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM Eden Vespaziano. Na ocasião, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou também um pacote de medidas.

A promessa mais ousada foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais, feita três dias depois da Rede Globo divulgar flagrantes registrados no Complexo do Curado.  O sistema prisional do Estado é proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Hoje, existem cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil deles.

No Complexo do Curado, uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e por pouco detentos não conseguiram fugir por um túnel. A Globo divulgou imagens de presos circulando com facões e celulares, sem serem importunados, no complexo, a maior unidade do Estado. No último dia 7, o Batalhão de Choque foi ao local e fez uma varredura, encontrando cerca de 40 armas e celulares.

A situação ficou ainda pior na semana passada, quando o Complexo do Curado passou por três dias de rebelião, motim de deixou três mortos, dois detentos, um deles decapitado, e um sargento da PM. A reivindicação dos reeducandos era a saída do juiz Luiz Rocha, acusado pelos presos de não ser hábil no julgamento dos processos de progressão de pena e transferências e exigiam melhores condições de convivência dentro das unidades e garantias de que seus familiares seriam melhor tratados em dias de visita. Nessa sexta-feira (30), o esquadrão antibombas foi acionado para desativar uma possível bomba instalada dentro do presídio Frei Damião de Bozzano.

Na mesma semana, os presos da Barreto Campelo também se rebelaram. Eles exigiam mais rapidez no julgamento de processos. De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, 27 presos ficaram feridos.

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