Sem tumulto

Após rebeliões, visitas no Complexo do Curado e na Barreto Campelo são retomadas

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 24/01/2015 às 12:15
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Rebelião no Complexo do Curado durou três dias / Foto:Bobby Fabisak/JC Imagem

Rebelião no Complexo do Curado durou três dias Foto:Bobby Fabisak/JC Imagem

Familiares de detentos puderam, neste sábado (24), voltar a ver seus parentes após as rebeliões dessa semana no Complexo do Curado, no Recife, e na Penitenciária Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana. De acordo com a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), a visita acontece sem tumulto desde as 7h nas duas unidades prisionais.

No Complexo do Curado, os horários são diferentes nas três unidades que compõem o complexo: Presídio Frei Damião de Bozzano, Presídio ASP Marcelo Francisco de Araújo e Presídio Juiz Antônio Luiz de Lins Barros. Juntas, as três unidades abrigam pouco mais de 6 mil presos espremidos num espaço com capacidade para 1,3 mil detentos.


Foto: Edmar Melo/JC Imagem | Arte: NE10

A visita conjugal é neste sábado, enquanto no domingo os reeducandos podem ver também outros familiares e crianças.

A rebelião, que deixou dois mortos, durou três dias e terminou nessa quarta-feira (21), após uma negociação com um grupo de detentos que representavam os rebelados. Os rebelados pediam a saída do juiz Luiz Rocha, acusado pelos presos de não ser hábil no julgamento dos processos de progressão de pena e transferências e exigiam melhores condições de convivência dentro das unidades e garantias de que seus familiares seriam melhor tratados em dias de visita.

Edmar Melo/ JC Imagem
Soldados da Tropa de Choque estão no local - Edmar Melo/ JC Imagem
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A polícia está posicionada em pontos como guaritas e muros do complexo - Edmar Melo/ JC Imagem
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- Edmar Melo/ JC Imagem
Edmar Melo/ JC Imagem
Cartazes pedem a presença do TJPE e a saída do juiz da 1ª Vara de Execuções Penais - Edmar Melo/ JC Imagem
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Sem se intimidar com a imprensa, presos posaram para fotos - Edmar Melo/ JC Imagem
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Detentos também exibiam sem medo facões e porretes - Edmar Melo/ JC Imagem
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No segundo dia de rebelião os detentos voltaram a se instalarem a cobertura do Complexo Prisional do Curado - Edmar Melo/ JC Imagem


Na Barreto Campelo, os presos exibiram faixas pedindo mais rapidez no julgamento de processos. De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, 27 deles ficaram feridos.

SISTEMA EM CRISE - Nos primeiros dias de janeiro, o novo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, enfrentou a primeira crise no caótico sistema prisional do Estado. Em apenas quatro meses e uma semana como secretário de ressocialização, Humberto Inojosa renunciou ao cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM Eden Vespaziano. Na ocasião, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou também um pacote de medidas.

A promessa mais ousada foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais, feita três dias depois da Rede Globo divulgar flagrantes registrados no Complexo do Curado.  O sistema prisional do Estado é proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Hoje, existem cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil deles.

No Complexo do Curado, uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e por pouco detentos não conseguiram fugir por um túnel. A Globo divulgou imagens de presos circulando com facões e celulares, sem serem importunados, no complexo, a maior unidade do Estado. No último dia 7, o Batalhão de Choque foi ao local e fez uma varredura, encontrando cerca de 40 armas e celulares.

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