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Presença de escolas públicas entre as melhores do Enem cresce novamente

Marcella César de Albuquerque Falcão
Marcella César de Albuquerque Falcão
Publicado em 05/08/2015 às 12:35
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O desempenho das escolas no Enem 2014 foi divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Educação / Foto: Divulgação

O desempenho das escolas no Enem 2014 foi divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Educação Foto: Divulgação

A presença de escolas públicas entre as melhores do país na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) avançou novamente no ano passado, mas ainda é minoritária.

O desempenho das escolas no Enem 2014 foi divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Educação.

Para calcular a média dos colégios, a reportagem considerou as quatro provas objetivas do Enem -linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza.

Os dados mostram que, entre os 10% dos colégios mais bem colocados no exame do ano passado, 9,4% deles eram públicos. Em números absolutos, foram 147 instituições que ficaram entre as 1.564 na elite do país.

No ano anterior, eram 7,3% públicas entre as melhores -o primeiro avanço em quatro anos.

Essa participação passou a cair em 2009, quando o Enem foi ampliado e passou a funcionar na prática como vestibular para selecionar calouros das universidades federais.

Apesar do novo avanço, a melhor escola pública aparece só na 22º posição do ranking: o Instituto Federal do Espírito Santo, em Vitória, colégio técnico que seleciona seus alunos.

No último Enem, o melhor público -colégio de aplicação da UFV (Universidade Federal de Viçosa-MG)- aparecia na 12ª posição. Nos resultados de 2012, a mesma escola figurava em 7º, mas em 2014 ela aparece em 32º.

O ranking nacional é liderado pelo Objetivo Integrado, colégio particular da capital paulista no topo da avaliação nacional pelo sexto ano seguido.

Ao todo, 15.640 escolas compõem o ranking. Só foram divulgadas as notas de instituições com mais de dez alunos no 3º ano do ensino médio e onde mais da metade deles fez a prova.

Especialistas veem com cautela o desempenho de escolas no Enem. Dizem que avanços no ranking não significam melhora das redes de ensino, o que só é obtido com provas que apuram a qualidade da educação, como a Prova Brasil.

PERMANÊNCIA

Neste ano o governo ampliou mais uma vez a quantidade de indicadores incluídos na divulgação das médias das escolas.

No ano passado, o Inep (órgão do MEC responsável pelo Enem) já havia divulgado o nível socioeconômico dos colégios, um índice sobre a formação dos professores, e a média dos 30 melhores alunos das instituições.

Agora, também passou a divulgar um "indicador de permanência", que mostra a porcentagem de participantes do Enem, em cada escola, que cursou todo o ensino médio no mesmo estabelecimento.

O presidente do Inep, Chico Soares, diz que o objetivo é destacar "as escolas que realmente ajudam seus alunos a melhorarem, que oferecem educação de qualidade durante todo o ensino médio, e quais são aquelas que, simplesmente, selecionam alguns para cursarem apenas o terceiro ano".

Diretores reclamavam que, nos últimos anos, algumas redes de escolas criaram unidades específicas para abrigar os melhores alunos e, assim, inflar seu desempenho no Enem.

Para o Inep, a divulgação de indicadores junto com as médias do exame ajudam a contextualizar o desempenho de escolas com realidades muito diferentes.

"As escolas são heterogêneas e sendo assim, não podem ser colocadas numa métrica única. É essa a imagem que estamos tentando passar. Estamos dizendo: existem muitos rankings. O que define o desempenho no Enem é um conjunto muito grande de fatores", diz Soares.

PIOR ESCOLA

A escola com pior desempenho no Enem do ano passado foi a Doutor Augusto Monteiro, colégio estadual que fica na zona rural de Rio Branco, no Acre. Com apenas 15 alunos no último ano do ensino médio -12 fizeram a prova-, a escola tem poucos professores com formação específica na disciplina que lecionam -17% do total.

Segundo o Inep, a formação do corpo docente "está diretamente relacionada ao desempenho escolar". Nos colégios entre os 10% mais bem colocados no exame, a média de formação adequada dos professores é de 69%.

Em São Paulo, a Escola Estadual Professor Sergio Murillo Raduan, em Jardim Varginha, extremo sul da capital, foi a que apresentou o pior desempenho. A escola obteve 466,3 pontos no exame do ano passado. Em 2013, a escola não teve os dados divulgados pelo Inep por não ter atingido os critérios para a divulgação.

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