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Preços altos nos supermercados assustam consumidores recifenses

Rebeca Montenegro
Rebeca Montenegro
Publicado em 29/07/2016 às 14:00
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Preço do feijão ultrapassa R$ 15 nos principais supermercados do Recife / Foto: Rebeca Montenegro/NE10

Preço do feijão ultrapassa R$ 15 nos principais supermercados do Recife Foto: Rebeca Montenegro/NE10

"Tá quase impossível você se alimentar bem. Desse jeito, a gente vai ter que deixar de comer". É assim que a dona de casa Ana Menezes define a situação do preço dos alimentos nos supermercados do Recife. Fazendo uma feira que levava os itens mais simples da rotina do brasileiro, como arroz, feijão, farinha, leite e manteiga, Ana chegou à conclusão de que a cesta básica não é mais "básica". No supermercado em que estava, localizado na Avenida Agamenon Magalhães, o preço do feijão chegava a R$ 15. 

O NE10 visitou nesta sexta-feira (29) alguns estabelecimentos e conversou com consumidores sobre os gastos com alimentação. O item mais chamativo é unanimidade: o feijão ainda reúne o maior número de reclamações sobre os preços. O feijão mulatinho é o mais caro, custando de R$ 13 a R$ 15. Até quem procura substituir a iguaria por outro tipo de feijão está encontrando dificuldades. Em um supermercado localizado no bairro de Campo Grande, o feijão preto custa R$ 12,99. 

Além do feijão, laticínios e frutas não escaparam das reclamações dos consumidores. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do leite sofreu um aumento de 15,44% no mês de julho em Pernambuco. Consequentemente, estão mais caros itens como a manteiga e o queijo. O quilo do queijo mussarela, por exemplo, está custando entre R$ 43 e R$ 46. Já a dona de casa Fabíola Lima não compreende a alta das frutas em alguns estabelecimentos. "Eu não entendo porque em um dia da semana eu consigo comprar maçã por R$ 6 e todos os outros dias a fruta custa R$ 9, R$ 10", desabafa.

Alternativas para gastar menos com os alimentos

Fabíola destaca dificuldades em comprar itens como queijo, manteiga, leite e frutas, mas concorda que o feijão é o campeão de reclamações. "Tenho dois filhos pequenos que comem todo dia feijão e agora a gente tá se controlando, tá comprando só o que precisa mesmo. Só o necessário", relata. A vendedora Lúcia Alves também costuma pesquisar preços em supermercados diferentes, mas o resultado não tem sido positivo. "Eu substituo o feijão mulatinho pelo preto, faço pesquisas, faço de tudo para economizar. Mas o pior é que tá tudo a mesma coisa em todos os lugares. Aumentou em todo canto", comenta. 

Além de pesquisar e comparar preços, consumidores estão buscando novas alternativas nos lugares de compra. É o caso da empregada doméstica Ione Rodrigues, que frequenta o mercado público de Água Fria, na Zona Norte do Recife. "Aqui no supermercado até tem coisas que dá para comprar, mas outras coisas saem um pouco mais caras. Lá em Água Fria eu sempre economizo mais. As coisas simples como arroz, feijão, café, tudo é mais barato lá", compara Ione, que chega a gastar de R$ 200 a R$ 400 no mercado público, mas sempre sai com "uma feira enorme". 

A professora do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Laurileide Barbosa, tem uma sugestão que pode parecer inusitada. Que tal reunir vizinhos e familiares para uma compra coletiva? "Supermercados que vendem por atacado têm um preço menor. Se você não tiver espaço para armazenar na sua casa, você pode fazer compras coletivas, ganhando descontos por estar comprando o produto em grande quantidade", explica. Estocar os alimentos também é uma boa saída para economizar. "Você pode evitar comprar o alimento caro agora, esperar baixar um pouco o preço e comprar em grande quantidade", indica Laurileide.

O mais importante na hora de consumir, porém, é sempre se programar. "Muitas pessoas não se planejam e, às vezes, compram algo que não vão consumir", comenta a professora. Fazendo um planejamento financeiro e pesquisando alternativas mais baratas, o consumidor pode contornar a chamada "crise do feijão" e não precisar substituir o querido mulatinho. 

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