Classe A

Paralelo à crise, mercado de luxo cresce com boa perspectiva no Recife

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 12/07/2016 às 7:02
Sol Pulquério/Divulgação
FOTO: Sol Pulquério/Divulgação
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Inauguração no Recife da Stuttgart Veículos, revendedora da marca Porsche, mostra que o mercado de luxo é promissor na cidade / Foto: divulgação

Inauguração no Recife da Stuttgart Veículos, revendedora da marca Porsche, mostra que o mercado de luxo é promissor na cidade Foto: divulgação

Parece um mundo à parte: enquanto diversos setores da economia contabilizam prejuízos, demissões em massa e falta de perspectivas para lucrar daqui a bom tempo, um mercado específico passa por cima da crise e investe em seu público consumidor. Trata-se do mercado de luxo, que tem movimentado bilhões anualmente no País e cresceu mais de 245% entre 2006 e 2013, de acordo com pesquisa da MCR Consultoria. Roupas de grife, carros conversíveis e até colchão nos moldes do que dorme a rainha da Inglaterra são alguns dos itens que mostra que os consumidores presam pelo conforto, ostentação e ótimo acabamento.

No Recife, diversos empresários estão apostando, e alto, nesse segmento consumido pelas classes AA. No final do mês passado, a capital pernambucana inaugurou sua primeira loja de revenda da Porsche. Interessados nos luxuosos carros da marca devem escolher entre veículos de R$ 335 mil a R$ 1,3 milhão.

“Posso dizer que o comprador de Porsche quer um carro elegante, confortável, agradável de dirigir e com DNA esportivo. Daí para a frente, os perfis começam a se diferenciar, pois temos carros esporte de dois lugares (911, 718 Boxster e, no final do ano, 718 Cayman), Gran Turismo de quatro lugares (Panamera) e SUVs (Cayenne, de maior porte, e Macan). Em comum entre esses carros todos, há o alto desempenho, a alta tecnologia, um acabamento de primeira linha e a aura de exclusividade e esportividade da marca”, explica Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Veículos.

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Carro de corrida modelo Porsche 911 GT3 Cup - Sol Pulquério/Divulgação
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Porsche 718 Boxster S, lançado oficialmente no Brasil - Sol Pulquério/Divulgação
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Porsche 918 Spyder, um dos três existentes no Brasil - Sol Pulquério/Divulgação

O empresário afirma que, desde 2012, a marca tinha o planejamento de inaugurar a loja no Recife, mas, por causa de mudanças nas regras de importação de veículos, que provocaram uma queda nas vendas, a inauguração foi adiada. “Hoje, o mercado ainda passa por dificuldades, mas foi possível fazer este investimento. E o Recife foi escolhido por vários fatores, entre eles a presença de uma frota expressiva de Porsches em Pernambuco e a localização geográfica central dentro da região Nordeste”, comenta.

GRIFES UNIDAS – Assim como os carros da Porsche, o setor de moda para clientes endinheirados parece não sentir tanto com a recessão. Tanto as lojas de marcas internacionais presentes em shoppings como empreendimentos pernambucanos estão investindo no Recife como referência para o setor de luxo no Nordeste. 

No RioMar Shopping, Zona Sul do Recife, lojas da Prada, Doce&Gabanna, Burbery, Hugo Boss, Gucci, Armani, Versace e Coach atendem a uma fatia significativa do mercado do mall, afirma a assessoria de imprensa. Segundo o RioMar, a cidade sentia a ausência dessas marcas conhecidas.

Os empresários pernambucanos Mary Mansur e Doriva Medeiros comandam algumas lojas importantes neste setor de luxo e, em breve, inaugurarão um complexo de moda e beleza em Boa Viagem para abrigar diversas marcas. Para eles, a crise não assustou nem afetou os planos de empreendimento. “A crise é uma coisa que eu não posso mensurar, pois minha loja é nova e eu não tive nenhum percentual menor comparado ao ano passado. A minha loja está em constante crescimento, eu não sei te dizer em que a crise teria afetado os meus negócios”, explica Mary.

O casal administra A Maison, loja de vestidos de noiva com unidade na Zona Sul e outra na Zona Norte do Recife, a Domodi Móveis, em Boa Viagem, e o Studium Maison, um salão de beleza recém-inaugurado e funcionando em esquema de “soft open”. Eles afirmam que os clientes primam pelas boas escolhas. “Grande parte dos nossos clientes frequenta a loja, principalmente as pessoas que vão em busca de vestidos de festa e noiva, porém, temos algumas clientes que fazem suas encomendas e nós enviamos”, conta Mary. “O público da Domodi vai na loja. Como vendemos móveis, a pessoa prefere sentar, ver de perto, escolher as opções de tecido. Não consigo imaginar os nossos clientes não visitando o showrrom”, avalia Doriva.

Com previsão de inauguração no final de julho, o complexo dos empresários unirá moda, beleza e decoração em um único espaço. “Na minha opinião, o mercado de luxo está sempre em expansão, seja no Brasil ou no Recife. Acho que a crise atinge menos esse público consumidor de itens dessa área da moda”, afirma Mary Mansur.

DORMIR (MUITO) BEM – Para quem gosta de dormir mais que confortavelmente, o segmento de luxo dispõe de itens que fazem seus clientes descansarem, literalmente, na cama de uma rainha. A loja Tudo para Dormir Bem, inaugurada semana passada no Recife, aposta nos colchões caríssimos. Um deles é o da Stearns & Foster, marca americana que fabrica colchões artesanalmente.

SONO DE RAINHA Luiz Carlos Pereira, dono da loja Tudo Dormir Bem, acredita que classes altas não deixaram de consumir Foto: Gleyson Ramos

"A pessoa que faz o colchão assina o nome dela na etiqueta", afirma o empresário Luiz Carlos Pereira, que garante que o modelo vendido na loja é muito similar a o que a rainha da Inglaterra Elizabeth II dorme. O colchão possui seis camadas, sendo três de viscoelástico (espuma usada pela Nasa) em gel e mais três de látex em gel. Há uma cobertura de cashmere, que adequa a temperatura do colchão conforme a do ambiente, e o tecido que o cobre é de lã com seda. Quem deseja ter um "sono real" precisa desembolsar o valor de R$ 35 mil. 

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O empresário Luiz Carlos Pereira conta que o projeto de abrir uma loja de colchões de luxo era antigo, mas a sua prioridade com trabalhos na área da construção civil adiou os planos. “Até um ano atrás, eu não tinha tempo de me dedicar a um novo investimento. Agora que a o ramo da construção deu uma parada, tenho mais tempo disponível para me dedicar à loja”, explica o empreendedor, que entre estrutura física, showroom e estoque, investiu cerca de R$ 1 milhão. 

Ele acredita que o público das classes mais altas não foi tão afetado pela crise como a classe média brasileira foi. “Pelo nosso conhecimento, quem tem condições e dinheiro não deixou de comprar. Pode até ter reduzido o consumo, mas não deixou de consumir. Eles ainda prezam pela qualidade”, avalia o empresário.

MEGALOJA Uniflex abriu nova loja em junho e possui espaço de mais de 250m² para o showroom Foto: Gleyson Ramos

Outra loja recém-inaugurada é o novo espaço da franquia da Uniflex em Boa Viagem, que comercializa cortinas, persianas, painéis e outros acessórios para projetos residenciais, empresariais e de hotelaria. Agora com 250m² para showroom, um investimento de R$ 300 mil feito pelos empresários Sandro e Beth Curra ajudou a oferecer mais conforto aos clientes.

O empresário Sandro Curra, que também comanda a Florense Recife e a Tidelli, afirma que que precisou usar algumas estratégias para evitar que a crise atingisse seu negócio. “Tivemos que cortar alguns custos, mas conseguimos manter nosso faturamento em 2014 e em 2015”, diz.

Entre os produtos vendidos, está uma gama de painéis, romanas, rolôs, além de uma variedade de materiais, que podem ir desde a tela solar, blackout, madeira, composit (lâminas em termoplástico), alumínio e possibilidade de escolher entre acionamento manual ou motorizado.

PERSIANAS LUXUOSAS Modelos de alumínio ou até motorizados são vendidos na Uniflex Recife

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