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Com crise, mercado imobiliário do Recife aluga mais imóveis do que vende

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 09/06/2016 às 18:20
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Boa Viagem perdeu o posto de bairro mais caro, superado pelo Pina / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Boa Viagem perdeu o posto de bairro mais caro, superado pelo Pina Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Pesquisa da VivaReal aponta que o consumidor recifense, diante da instabilidade econômica, está à procura de imóveis alugados muito mais do que da casa própria. De acordo com os Dados do Mercado Imobiliário (DMI), de maio de 2015 a maio deste ano, a oferta e a demanda por aluguel passou a de compra. No mês passado, o índice de aluguel era de 52% contra 48% de imóvel à venda. O maior pico no índice de aluguel aconteceu no mês de janeiro, quando atingiu 66% e o de venda foi de 34%.

Para o vice-presidente da Ademi Imóveis, Gildo Vilaça, o mercado imobiliário é o setor da economia que primeiro sente as dificuldades da crise e é um dos últimos a sair dela. “O imóvel é uma compra muito significativa e pesa bastante no orçamento das famílias. Elas estão com medo de se endividar a longo prazo, e a compra imobiliária demanda esse compromisso de muitos anos. A economia precisa dar sinais que está melhorando para o consumidor sentir confiança e voltar a comprar”, acredita.

O presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE) Elísio Cruz Junior argumenta que essa movimentação maior de aluguéis também ocorre por causa da procura por preços mais baixos. “Quando a coisa fica ruim e o dinheiro escasso, o aluguel passa a pesar no orçamento, e a pessoa sai de um imóvel para outro de valor mais barato. Isso tem feito com que o mercado de locação tenha sofrido certo aquecimento, é uma questão de arrumação. À medida que o mercado se estabiliza, as pessoas tendem a permanecer em um local e param de se mudar tanto”, comenta.

RAIO X DOS BAIRROS – A pesquisa também mostra as localizações mais procuradas por quem deseja morar no Recife, seja em um imóvel próprio ou alugado. Ao contrário do que muita gente pensa, Boa Viagem não o lugar mais caro para se viver. Seu bairro vizinho da Zona Sul, o Pina, teve o metro quadrado mais bem avaliado da cidade no mês de maio - R$ 7.421 para venda e R$ 38,20 para aluguel. Confira o top10 abaixo:

"É um bairro que está se estruturando, tem o shopping RioMar e a tendência é que seja valorizado cada vez mais. Porém Boa Viagem ainda é campeão na procura", afirma Elísio Cruz Junior. De fato, a pesquisa comprova que o bairro ainda é o mais procurado, tanto para venda quanto para aluguel de imóveis. Os bairros da Zona Norte da Capital, como Rosarinho, Espinheiro, Madalena e Graças estão na lista dos mais procurados para se morar.

O bairro da Boa Vista, no Centro da capital pernambucana, teve o maior índice de valorização de preços para venda. O valor do metro quadrado na região passou de R$ 5.218 em abril de 2015, para R$ 5.615 em abril deste ano – uma valorização real de 6,8%. Confira o top10 abaixo:

SONHO DA CASA PRÓPRIA ADIADO – Os noivos Débora Albuquerque e José Bastos estão na expectativa para a festa de casamento deles que acontecerá em setembro deste ano. Além dos gastos com os preparativos do evento, o casal precisou se organizar financeiramente para morar juntos logo após a cerimônia. 

Noivos, José e Débora precisaram adiar o sonho da casa própria e irão alugar um apartamento nos primeiros anos de casados

Noivos, José e Débora precisaram adiar o sonho da casa própria e irão alugar um apartamento nos primeiros anos de casadosFoto: Débora Albuquerque/Cortesia

Segundo Débora, a ideia inicial era comprar um imóvel. “A gente estava com um dinheiro aplicado na poupança para financiar o apartamento pela Caixa Econômica. Só que, com essa crise, a Caixa acabou diminuindo nossa carta de crédito, e o valor da entrada ficou muito alto. Além dessa entrada maior, as parcelas pesariam muito na nossa renda”, conta. Eles então decidiram alugar um apartamento e adiar o plano da casa própria. 

“A ideia é ficar morando uns dois, três anos de aluguel e esperar que o dinheiro que temos aplicado renda mais. O objetivo é dar uma entrada maior e pagar prestações mais suaves”, avalia Débora.

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