Finanças

Saiba como evitar dívidas e negociar débitos acumulados

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 08/04/2016 às 19:59
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Brasil conta com mais de 59 milhões de pessoas na lista de inadimplentes este ano / Foto: reprodução

Brasil conta com mais de 59 milhões de pessoas na lista de inadimplentes este ano Foto: reprodução

Não está fácil para (quase) ninguém. A união de fatores como desemprego em alta e inflação acelerada tem feito com que muitos brasileiros entrem na lista dos inadimplentes. De acordo com os dados da Serasa Experian, cerca de 59 milhões de pessoas estão neste grupo dos inadimplentes, totalizando R$ 255 bilhões em dívidas. Esse, inclusive, é o maior número já registrado desde que o levantamento passou a ser feito pela empresa em 2012. Nesse momento de acúmulo de contas a pagar, algumas dicas de como negociar os débitos podem ajudar na hora de tentar sair desta lista.

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Com todas as dívidas anotadas será possível ter uma noção exata de quanto é o valor devedor, dos juros e da parcela que caberá no orçamento mensal - NE10
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Entrar em contato com a empresa credora é o primeiro passo. Se não for possível fazer isso pessoalmente, recorra às centrais telefônicas de negociação - NE10
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O mutirões de negociações de dívidas são uma boa oportunidade de descontos maiores, já que as empresas convocam os devedores em massa para quitações - NE10
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Para o credor, é mais interessante receber o dinheiro de imediato do que parcelar a dívida e correr o risco do não pagamento novamente - NE10
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Se o desconto no pagamento à vista for grande, o consumidor pode tomar um empréstimo com juros menores para realizá-lo - NE10
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As empresas não são obrigadas a conceder crédito ao consumidor. Elas costumam avaliar se há risco de não pagamento do crédito solicitado - NE10
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Serviços virtuais, como o “Limpa Nome” do Serasa Experian, oferecem a opção de negociações com o credor pela internet - NE10
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Se você for procurado com ameaças de que perderá bens é preciso ficar alerta. Olhe o contrato e procure se informar sobre juros e taxas abusivas - NE10
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Se surgirem dúvidas no processo de negociação das dívidas, procure os órgãos de defesa do consumidor, como os Procons, para esclarecer as questões - NE10
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Apenas 35% do orçamento pode ser comprometido com o pagamento de dívidas parceladas. Mudança de padrão de vida é uma das saídas para evitar débitos - NE10

Para a economista doméstica Laurileide Barbosa, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o grande vilão das contas dos brasileiros é o salário mínimo defasado. "De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo deveria ser em torno dos R$ 3.700 para pagar pelas necessidades básicas, mas não é o que temos hoje. Está muito longe, na verdade, com um mínimo de R$ 880", ressaltou Laurileide, que também é doutora em orçamento familiar.

Depois de entrar no grupo dos endividados, a pessoa precisa identificar qual é o motivo para isso e buscar uma redução no padrão de vidaLaurileide Barbosa, economista doméstica
Além disso, a especialista aponta que a falta de educação financeira desde criança, nas escolas, por exemplo, faz com que os indivíduos não conheçam o que está por trás dos juros, financiamentos, empréstimos e tantas outras transações feitas com frequência pela população em geral. "As pessoas não sabem se é melhor um consignado, um empréstimo na financeira ou entrar no cheque especial. Não conhecem os juros sobre juros e acabam entrando numa bola de neve", comentou a professora Laurileide Barbosa.


PRINCIPAIS MOTIVOS PARA INADIMPLÊNCIA DO BRASILEIRO

Desemprego26%
Descontrole financeiro17%
Empréstimo em nome de terceiros7%
Despesas extras com educação, saúde ou outros7%
Fraude 5%
Alta dos preços (inflação)5%
Diminuição da renda familiar e/ou pessoal5%
Atraso no recebimento de salário/aposentadoria3%
Dados: Serasa Experian

A falta de consciência sobre como poupar dinheiro também é vista por ela como um dos pontos fracos das finanças dos brasileiros, junto com a necessidade de seguir padrões de consumo impostos pela sociedade. "As pessoas não têm o costume de poupar nem que sejam R$ 50 por mês e não sabem quanto isso poderia render em poucos anos. Além disso, a população costuma ceder às propagandas e facilidades de crédito oferecidas pelo Governo para ter um padrão de vida que não podem arcar, com celulares de última geração, carros de alto nível, roupas e muito mais", decretou a especialista.

» FATORES QUE TORNAM PESSOAS PROPENSAS AO ENVIDIDAMENTO

- Falta de planejamento e de organização das finanças pessoais;
- Situações inesperadas, como doença na família, separação ou desemprego;
- Emprestar o nome ou ser fiador de familiares e pessoas conhecidas;
- Compulsão por comprar: é um distúrbio psicológico e, como tal, precisa ser tratado;
- Crédito fácil: a taxa de juros é calculada em função do risco da instituição financeira não receber o dinheiro de volta. Quanto mais simples de contratar, mais caro vai ficar;
- Limite de crédito elevado para o consumidor de baixa renda ou que já tem boa parte do salário comprometido com outros empréstimos;
- Aumento de limite do cheque especial para cobrir encargos gerados pela falta de pagamento;

Dieese estima que salário mínimo do brasileiro deveria ser de R$ 3.725,01, em vez de R$ 880
Mas a culpa do endividamento da população não é apenas do indivíduo, segundo Laurileide Barbosa. Na opinião dela, a falta de qualidade nos serviços públicos como saúde, educação, transporte, entre outros, faz com que o brasileiro busque alternativas na rede privada, diminuindo ainda mais o poder de compra das famílias. "Abrimos mão dos nossos direitos quando não usamos o que o serviço público pode nos oferecer. Muito disso é por causa de uma cultura de buscar o que é particular, mas existem, sim, escolas e unidades de saúde de qualidade que acabamos não usando."

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