O salmão corresponde a 80% do peixe consumido nos restaurantes japoneses do País Foto: Heudes Regis/JC Imagem
A disparada nos preços é consequência da crise na produção do Chile, país que fornece todo o salmão consumido no Brasil. Desde janeiro, os produtores chilenos estão sofrendo com a proliferação de algas marinhas tóxicas em seus criadouros, agravada pelo fenômemo El Niño. As algas já provocaram a morte de mais de 23,8 milhões de peixes, comprometendo 18% da produção. Com pouca oferta, os preços já subiram em mais de 25%.
“A situação é muito preocupante, principalmente porque o salmão corresponde a 80% do peixe consumido nos restaurantes japoneses não só de Pernambuco, mas do Brasil. Apesar do salmão não ser o principal peixe da culinária asiática, aqui caiu na preferência da maioria”, afirma o empresário Fabiano Freitas, proprietário do restaurante Genki Sushi, que fica no bairro do Espinheiro, no Recife. Diante da crise, Fabiano se uniu a outros 50 empresários pernambucanos do segmento com o objetivo de encontrar alternativas para reduzir ao máximo o aumento no cardápio e evitar uma queda ainda maior da clientela.
O empresário Fabiano Freitas lembrou ainda que, além do aumento provocado pelo problema ambiental no Chile, o salmão já tinha sofrido um reajuste em janeiro deste por conta da alta do dólar. “Há um ano, o valor do quilo variava entre R$ 19 e R$ 20. Com o aumento do dólar no segundo semestre do ano passado, o preço foi reajustado para R$ 26. Além disso, outros produtos também sofreram aumento, já que 70% da nossa matéria prima é importada. Até o arroz nós importamos”, explicou o empresário, explicando que até agora alguns empresários ainda estavam segurando o repasse aos clientes, mas agora está difícil.
Uma das alternativas de alguns proprietários é reduzir o custo operacional dos restaurantes, incluindo a demissão de funcionários. “Outra saída, que é um desafio bem maior, é tentar mudar a preferência do brasileiro, mostrando que existem outros peixes nobres tão saborosos quanto o salmão. É possível fazer pratos deliciosos com atum, cavala, robalo, cioba, dourado, meca e tantos outros”, sugere Fabiano.
Renato Catel estuda mudanças no cardápio do ZenFoto: Guga Matos/JC Imagem
CENÁRIO PESSIMISTA – Como a crise do salmão está diretamente ligada ao problema ambiental chileno, mesmo que o dólar caia nas próximas semanas, dificilmente haverá redução no preço do peixe. "Sabemos que o problema ambiental ainda continua e por isso a oferta de salmão deve cair ainda mais, aumentando os preços. Na semana passada, ainda conseguimos repassar o quilo por R$ 32. Mas esta semana o valor já chegou a R$ 39, não temos outra alternativa", explica o vendedor Daniel Saraiva, da Celeste Distribuidora de Alimentos. Além da Celeste, as distribuidoras Marítimos e Frescato trabalham com salmão em Pernambuco.