Expectativa

Preços de petróleo e minério de ferro cairão em 2016, diz Banco Mundial

Thiago Vieira
Thiago Vieira
Publicado em 26/01/2016 às 12:38
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Banco Mundial divulgou nesta terça-feira (26) suas previsões para o ano, como uma nova queda forte nos preços das matérias-primas. Segundo o documento “Perspectivas para os mercados de commodities”, o valor do petróleo e do minério de ferro cairá pelo terceiro ano seguido. Isso fará com que se acentue a desaceleração econômica dos países emergentes, como o Brasil.

O documento aponta que o preço médio do barril do petróleo, que em 2013 foi negociado a US$ 104,10, estará em US$ 37 neste ano, queda de 27% sobre o preço médio de US$ 50,80 de 2015. O valor do petróleo afeta diretamente a arrecadação do governo federal e de maneira ainda mais intensa as finanças do Rio. A queda do seu valor também pode comprometer a viabilidade econômica do pré-sal, embora, no curto prazo, possa beneficiar a Petrobras, que está mantendo preços elevados na gasolina.

De acordo com o relatório, o preço do petróleo incluiu a retomada, antes do estimado anteriormente, do Irã no mercado do óleo, depois que o embargo contra o país caiu por causa de seu acordo nuclear com os EUA e com a Europa em meados de janeiro. O banco ainda estima que o inverno foi ameno neste ano no hemisfério norte, reduzindo o consumo de óleo, e que há uma perspectiva de crescimento mais fraco de grandes mercados emergentes, incluindo o Brasil, que, segundo o documento, sofre com o “aumento das incertezas políticas”.

“Os preços dos petróleo caíram 47% em 2015 e deverão cair, na média anual, outros 27% em 2016”, afirma o relatório, prevendo valor médio acima dos praticados em janeiro, na casa de US$ 30 o barril ou até menos que isso, em alguns dias. “Há uma expectativa de recuperação gradual dos preços do petróleo durante o ano, pois a queda acentuada dos preços no início de 2016 não parece estar totalmente garantida pela demanda de petróleo e a oferta pode sofrer uma pequena queda”, disse o documento. Para os anos seguintes, os preços devem continuar em patamares distantes dos vividos nos últimos anos, subindo lentamente até chegar a US$ 58,80 o barril em 2020.

“Os preços do petróleo e das commodities tendem a ficar baixos por algum tempo”, disse

John Baffes, economista autor do relatório.

O preço do minério de ferro, um dos principais produtos exportados pelo país, terá mesma tendência: passou de US$ 135,40 a tonelada em 2013 para US$ 55,80 em 2015 e deverá ter preço médio de US$ 42 neste ano. Depois, lenta recuperação, mas chegando a US$ 51 a tonelada em 2020. A soja, principal item da exportação brasileira, também viu sua cotação por tonelada passar de US$ 538 em 2013 para US$ 391 no ano passado, e deve se recuperar um pouco para US$ 400 em 2016, chegando a US$ 449 em 2020.

Esta queda dos preços das matérias-primas tende a frear, no primeiro momento, a média do crescimento global. Os preços baixos dos commodities são uma espada de dois gumes: os consumidores dos países importadores tendem a se beneficiar enquanto os produtores dos países exportadores sofrem.

“Leva um tempo para que os benefícios do menor preço das commodities se transformem em crescimento econômico nos países consumidores, embora o impacto negativo nos exportadores é sentido imediatamente”, explicou Ayhan Kose, diretor do Banco Mundial.

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